Cristas distribui pastas e dá forma ao "governo" do CDS

Líder centrista entregou áreas de falou no congresso, como a supervisão bancária ou a Segurança Social, aos seus dirigentes
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Em menos de uma semana Assunção Cristas já começou a definir quem vai fazer o quê dentro do novo CDS-PP. A comissão executiva dos centristas reuniu-se na sexta-feira e a recém-eleita presidente não perdeu tempo: cada uma das quatro bandeiras que agitou no congresso de Gondomar já tem, pelo menos, um dirigente do partido a segurá-la.

Na reunião magna dos democratas-cristãos, a sucessora de Paulo Portas foi lesta a identificar as quatro prioridades - reforma da Segurança Social, supervisão do sistema financeiro, convergência entre setores público e privado, abrindo a ADSE a toda a população, e dinamização da economia - e não as votou ao esquecimento.

Como quem arruma a casa, entregou a pasta da supervisão da banca - em que o CDS defende uma revisão constitucional para alterar o modelo de nomeação do governador do Banco de Portugal - e o pelouro da dinamização da economia a dois vice-presidentes: Cecília Meireles e Adolfo Mesquita Nunes, respetivamente.

Miguel Morais Leitão e Filipe Anacoreta Correia, antigo opositor de Portas, terão a seu cargo o estudo sobre a sustentabilidade dos sistemas de pensões, tal como as questões relacionadas com o envelhecimento ativo e a conciliação dos períodos de trabalho e de família, ao passo que Ana Rita Bessa ficou encarregue de estudar o dossiê ADSE, que Cristas admitiu poder vir a ser alargado aos funcionários do setor privado.

Nos próximos tempos serão distribuídas mais pastas pelos dirigentes ainda sem tarefas definidas, embora esse trabalho vá ser feito em estreita articulação com o gabinete de estudos para não haver "duplicação de funções", como explica uma fonte centrista ao DN.

Dito de outra forma, o gabinete de estudos, órgão autónomo coordenado por Diogo Feio, vai ter uma pequena direção e logo abaixo, na hierarquia, haverá um conjunto de seis coordenadores para igual número de grandes áreas temáticas da governação (que terão subdivisões), e cujos responsáveis, excetuando Cecília Meireles, Mesquita Nunes, Morais Leitão e Anacoreta Correia, estão ainda por fechar. E entre o sexteto, apurou o DN, existirão independentes.

A urgência, explica um interlocutor do CDS, residia na definição de caras para cada tema que Cristas considerou prioritário no congresso, sinalizando que aquelas ideias são mesmo para fazer caminho nos próximos tempos.

A reunião com Passos

De resto, os quatro pilares do discurso de "coroação" de Cristas no congresso foram levados à reunião de terça-feira da líder do CDS com Pedro Passos Coelho. O presidente do PSD ouviu atentamente, tomou notas e terá manifestado a sua preocupação pelas convergências e divergências entre os antigos parceiros de coligação.

Agora que cada um dos partidos pedala a sua bicicleta, a intenção do CDS de reabrir a discussão sobre a Constituição pode criar brechas à direita. Sobretudo porque porque os sociais-democratas já sinalizaram que não querem qualquer intervenção cirúrgica na lei fundamental para alterar o modelo de designação do governador do Banco de Portugal - e ainda porque Passos parece isolado na defesa de Carlos Costa.

Mesmo após ter sido noticiado que o CDS quer mexer de forma mais ampla na mãe das leis, fazendo, como o DN escreveu, um "momento constituinte" para todos os reguladores, qualquer entendimento não se afigura fácil.

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