Covid-19: Racismo nos oxímetros pode ter causado mortes desnecessárias
Este domingo, no programa de Andrew Marr na BBC, o ministro da Saúde britânico afirmou que o preconceito racial nos oxímetros poderá ter causado mortes desnecessárias por covid-19.
"O que descobri foi um preconceito racial em alguns instrumentos médicos. Não é intencional, mas existe e os oxímetros são um bom exemplo disso", declarou Sajid Javid, que é de origem paquistanesa. "Se eu tivesse um oxímetro portátil aqui, e se você o usasse, ele daria uma leitura precisa. Se for eu a colocar o meu dedo, é mais provável que dê uma leitura imprecisa. Isso não é aceitável a nenhum nível", afirmou o ministro, citado pelo The Guardian.
Marr perguntou então a Javid se morreram pessoas devido as estas leituras imprecisas. "Penso que é possível, sim. Não tenho todos os factos". "Muitos destes aparelhos médicos - e existem mesmo alguns medicamentos e procedimentos e livros didáticos - são fabricados em países de maioria branca. E eu acho que este é um problema sistémico".
"Um terço das pessoas nas unidades de cuidados intensivos covid eram de minorias étnicas negras, o dobro da representação na população geral. Quero garantir que fazemos algo em relação a isto", declarou o ministro da Saúde no programa de Andrew Marr.
Na edição de hoje do The Sunday Times, é noticiado que Sajid Javid ordenou a abertura de uma investigação ao preconceito racial em equipamento médico devido ao receio de que milhares de doentes pertencentes a minorias étnicas morreram de covid quando deviam ter sobrevivido.
Esta investigação surge depois de dados da Public Health England mostrarem que as mortes por coronavírus entre pessoas de cor foram duas a quatro vezes mais altas do que entre a população branca em Inglaterra.
"A pandemia trouxe esta questão à tona, mas a questão do preconceito nos dispositivos médicos foi esquecida por demasiado tempo. Embora tenhamos padrões muito elevados para essas tecnologias neste país - e as pessoas devem continuar a procurar o tratamento de que precisam - precisamos urgentemente saber mais sobre o viés nesses dispositivos e qual o impacto que isso está a ter na linha de frente", escreveu o governante no The Sunday Times, acrescentando que a investigação vai centrar-se também no preconceito de género, nomeadamente, como as ressonâncias magnéticas podem ser disponibilizadas a grávidas ou a mulheres a amamentar.
O ministro da Saúde britânico, de origem paquistanesa, está a trabalhar em parceria com o seu homólogo americano, Xavier Becerra, o primeiro latino no cargo, para introduzir regras internacionais que obriguem os equipamentos médicos a serem testados em todas as raças antes de serem colocados no mercado.