Covid-19 está longe de se tornar endémica, avisa OMS
A Covid-19 está longe de se tornar uma doença endémica e ainda pode desencadear grandes surtos epidémicos em todo o mundo, avisou a Organização Mundial da Saúde nesta quinta-feira (14).
O diretor de emergências da OMS, Michael Ryan, disse que também é errado pensar que, se a Covid-19 desacelerar e se tornar endémico, isso significará o fim do problema.
"Certamente não acredito que estamos perto de uma situação endémica com este vírus", disse Ryan, numa conferência através dos canais de redes sociais da OMS.
Para o resposnável, ainda não se estabelceu nenhum padrão sazonal ou padrão de transmissão, pelo que o vírus "ainda é bastante volátil e capaz de causar grandes epidemias". "Isso não é uma doença endémica", reforçou.
Michael Ryan citou também a tuberculose e a malária como doenças endémicas que ainda matam milhões de pessoas por ano, pelo que isso não significa o fim da ameaça. "Não acreditem que endemia significa que acabou, passou a ser algo leve ou já não é um problema. Não é esse o caso", disse.
A líder técnica da OMS para a covid-19, Maria Van Kerkhove, que contraiu a doença e está isolada nos Estados Unidos, disse que o vírus está ainda a circular em alto nível, causando "enormes ondas de morte e devastação". "Ainda estamos a meio desta pandemia. Todos desejamos que não estivéssemos. Mas não estamos num estágio endémico ainda."
Ryan explicou que, muitas vezes, doenças antes epidémicas estabelecem-se com um padrão endémico, concentrando-se numa faixa específica da população. Muitas vezes podem tornar-se doenças infantis, como sarampo e difteria, porque "à medida que novas crianças nascem, elas são a população suscetível".
Mas se os níveis de vacinação caírem, como aconteceu com o sarampo, as epidemias podem surgir novamente.
Na semana passada, foi registado o menor número de mortes por Covid-19 desde os primeiros dias da pandemia. No entanto, mais de 20.000 mortes foram ainda reportadas. "Ainda é demais ... devemos estar felizes [pela diminuição], mas não devemos estar satisfeitos", disse Michael Ryan.