Foram atingidos os "objetivos centrais" na visita oficial de António Costa a Angola e depois de cumprida uma passagem de João Lourenço por Lisboa -- o convite foi feito ao presidente angolano pelo Presidente português, por intermédio de Costa --, é até bem provável que o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, realize uma visita de Estado a Luanda em 2019. Mesmo porque agora as visitas de alto nível entre as autoridades políticas dos dois países "retomarão o seu ciclo normal"..Foi com esta promessa que terminou a visita de dois dias do primeiro-ministro português a Angola. António Costa falava aos jornalistas após ter visitado uma obra da portuguesa Mota-Engil para a construção do novo Hospital de Hematologia Pediátrica de Luanda, que foi o último ponto do programa de visita oficial de dois dias.."Entre mim e o Presidente da República há a combinação de alternarmos as visitas aos diferentes países. Portanto, tendo eu vindo este ano a Angola, é muito provável que o senhor Presidente da República esteja aqui no próximo ano. E assim sucessivamente: Temos de ir mantendo a regularidade desta relação [luso-angolana] que, como se vê, é muito intensa ao nível económico, entre as diferentes administrações ou entre empresas", declarou o primeiro-ministro, deixando a ideia de que as visitas de alto nível político entre os governos de Portugal e Angola têm de ser menos espaçadas no tempo a partir de agora, evitando a acumulação de assuntos bilaterais por tratar..O apelo foi feito na conferência de imprensa conjunta com o Presidente da República de Angola, João Lourenço, no Palácio Presidencial, que se seguiu à assinatura de acordos bilaterais entre os dois países, abrangendo matérias diversas como um memorando para a regularização de dívidas a empresas nacionais, o fim da dupla tributação nas transações comerciais, o aumento do número de voos entre os dois países, ou o Acordo Estratégico de Cooperação (2018/2022)..O primeiro-ministro começou por referir que hoje mesmo entregou ao chefe de Estado angolano, João Lourenço, o convite de Marcelo Rebelo de Sousa, para que visite Portugal já em novembro. E deixou o recado: "É essencial que as visitas entre os dois países não sejam tão espaçadas no tempo, porque depois há muitas matérias que se acumulam por tratar." Esta deslocação é a primeira desde que Passos Coelho visitou Angola em 2011, um ano depois da última passagem de José Eduardo dos Santos por Lisboa. "Felizmente, dentro de dois meses já haverá a oportunidade de receber o presidente de Angola em Portugal", afirmou Costa..Já ontem Marcelo tinha destacado a "ocasião única" que esta visita representa para retomar ligações mais próximas e regulares entre os países. "Não é por acaso que o primeiro-ministro está lá agora e daqui a dois meses estará cá o Presidente de Angola", afirmou..Investimento no centro do encontro.O primeiro-ministro defendeu ainda que a assinatura de 11 acordos entre os governos de Portugal e de Angola "culmina uma parte importante" da sua visita a Angola. "O número de instrumentos assinados demonstra a intensidade das nossas relações. Creio que nesta visita ficou bem clara a vontade comum dos dois governos, das respetivas lideranças e dos dois países de prosseguirem em bases sólidas uma cooperação estratégica. Essa cooperação estratégica encontra correspondência clara na nossa sociedade civil, nos nossos agentes económicos", acentuou..O compromisso da parte de Angola de regularizar a dívida para com as empesas portuguesas também foi um ponto particularmente positivo e que mereceu elogios de António Costa. O primeiro-ministro destacou "transparência" do governo angolano na forma como aborda a questão e o calendário definido, até novembro, para o apuramento do volume global por regularizar, depois de o ministro das Finanças de Angola, Archer Mangueira, ter estimado em cerca de 90 milhões de euros o volume dos "atrasados" a empresas portuguesas já assumido por parte das autoridades de Luanda. Passos que contribuem para a recuperação de "um bom ambiente de negócios" e representam "um sinal de confiança" - que passa também por receber investimento angolano aqui: "É bem vindo", sublinhou Costa..Também na imprensa angolana houve bons ecos dests dois dias, com a imprensa a elogiar a retoma da cooperação e o regresso dos acordos, conversações e negócios entre os dois países..Com Lusa