Costa ataca Passos: só "acordou para a floresta" com a tragédia
Passos Coelho, que "passa a vida a criticar os bombeiros", "só acordou para a floresta" com os 64 mortos do incêndio de Pedrógão e tanto ele como a atual líder do CDS, Assunção Cristas, não fizeram nada enquanto governaram pela reforma da floresta.
A acusação foi feita esta noite pelo líder do PS, António Costa, no comício de rentrée dos socialistas, em Faro.
António Costa recordou em que em outubro do ano passado o Governo pôs em discussão pública doze diplomas que traduziriam "a maior reforma da floresta em muitos séculos" e nessa altura "os outros [PSD+CDS] não vieram a debate".
Foi preciso, disse então, acontecer o incêndio de Pedrógão para isso acontecer. "Há muitos que só se lembram da floresta quando a calamidade a atinge", disse ainda, entre promessas de que, quer a direita queira ou não queira, a reforma da floresta será feita, começando pela do cadastro dos terrenos, "para que se saiba quem é dono do quê". A floresta - insistiu - "tem de deixar de ser uma ameaça à segurança e tornar-se numa fonte de riqueza". E - concluiu - "como dizia o Presidente da República, é tempo de pararmos com tricas políticas e de nos concentramos em torno do que é serio."
Tal como prometido, Costa aproveitou o discurso para insistir na ideia, lançada há uma semana numa entrevista ao Expresso, de que o próximo quadro comunitário, 2020-2030, deve ser objeto de "um consenso o mais alargado possível" no Parlamento - ou seja, um consenso que envolva não só a atual maioria de esquerda como também o PSD.
O líder socialista quer que os grandes investimentos previstos nesse quadro comunitário sejam aprovados por dois terços no Parlamento. E isto porque "é tempos de dar continuidade" às "boas políticas que geraram bons resultados" nos últimos nove meses mas também de "projetar para a próxima década aquilo que conseguimos" desde que o seu Governo iniciou funções.
"Pusemos fim a uma longa estagnação. Mas não podemos deixar que seja só resultados destes nove meses, temos de garantir que é para os próximos dez anos", afirmou.
O próximo Orçamento do Estado passou também pela intervenção do líder socialista. "Será marcado por mais um reforço de investimento no SNS e na escola pública", garantiu, prometendo 70 novas salas de jardins de infâncias para crianças a partir dos 3 anos e 600 novas camas de cuidados continuados.
No entanto - sublinhou, num recado aos parceiro da 'geringonça' - é preciso que tudo se faça sem derrapagens na despesa pública porque "é preciso continuar a consolidar as finanças publicas para diminuir os encargos com a dívida".
Costa prometeu também ao partido empenho pessoal total na campanha autárquica, dizendo que aproveitará todos os seus tempos livres para ir a todos os distritos e também às regiões autónomas.
Antes dele, Carlos César havia-se afirmado convicto numa "grande vitória autárquica" do PS. Com elogios aos parceiros da maioria de esquerda, BE, PCP e PEV, o presidente do PS conseguiu arrancar aplausos dos militantes presentes no comício, muitos vindos do Norte numa viagem de comboio que começou em Braga às 11.00 da manhã e chegou a Faro sete horas depois, com várias paragens pelo caminho.