304 mortes na China. Mais uma nas Filipinas, a primeira além fronteiras
O número de vítimas mortais devido ao novo coronavírus continua a subir. A última atualização feita este domingo pelas autoridades chinesas dá conta de 304 mortos. Também este domingo, soube-se que as Filipinas registaram a primeira morte fora de território chinês devido à infeção com o vírus. Trata-se de um cidadão chinês, de 44 anos, que estava internado num hospital de Manila desde 25 de janeiro.
Na sua atualização diária, as autoridades de saúde da província de Hubei - onde o novo vírus teve origem e que está de quarentena - adiantaram ainda que foram confirmados mais 1 921 novos casos de infeção com coronavírus em Hubei (centro da China). Com estes novos dados, o número de pessoas infetadas subiu para mais de 14 000 casos na China.
Além do território continental da China e das regiões chinesas de Macau e Hong Kong, há mais de 50 casos de infeção confirmados em 24 outros países, com novas notificações na Rússia, Suécia e Espanha, o que tem levado vários governos a ativarem medidas extraordinárias para limitar os riscos de propagação. Agora também já há a registar um caso mortal fora das fronteiras chinesas.
Em mais uma tentativa para conter o surto, a cidade chinesa de Wenzhou, uma das mais afetadas pela epidemia fora do epicentro do novo coronavírus, impôs domingo um recolher obrigatório aos seus mais de nove milhões de habitantes e restringiu drasticamente a circulação automóvel.
Os moradores estão obrigados a permanecer em casa. Apenas uma pessoa por família pode sair a cada dois dias para fazer compras, disseram as autoridades locais.
O transporte público está suspenso, assim como os autocarros de longa distância. As principais rodovias estão quase totalmente fechadas à circulação automóvel.
Locais públicos como cinemas ou piscinas estão fechados. As empresas não voltarão a laborar antes de 17 de fevereiro e as escolas estão encerradas até pelo menos 1 de março.
Wenzhou, que regista 265 casos de pessoas infetadas, situa-se no leste da China, a mais de 800 quilómetros de Wuhan, cidade no centro do país onde o coronavírus apareceu em dezembro e que está em quarentena desde 23 de janeiro.
Dois dos cidadãos alemães repatriados de Wuhan foram confirmados positivos, elevando para 10 os casos de contágio na Alemanha, anunciaram as autoridades.
Os doentes foram transferidos de imediato para um hospital de Frankfurt, referiu o chefe do distrito de Germersheim, Fritz Brechtel, citado pela televisão pública regional SWR, enquanto outros 111 cidadãos retirados de Wuhan vão permanecer em quarentena no quartel das forças armadas, que foi habilitado para o efeito.
Os Estados Unidos e a Austrália estão a liderar uma lista crescente de países que impõem restrições de viagem temporárias, mas extensas, a cidadãos chineses ou àqueles que viajaram para a China nas últimas duas semanas.
"Estrangeiros, que não sejam familiares imediatos de cidadãos dos EUA e residentes permanentes terão a sua entrada negada [nos EUA]", anunciou o Secretário de Saúde dos Estados Unidos, Alex Azar.
Além desta medida, a Administração norte-americana decidiu que os cidadãos que tenham estado na província de Hubei (onde foi detetado o vírus) nos 14 dias anteriores terão de ficar em quarentena. Já quem tenha estado noutra região da chinesa deverá ser sujeito a uma triagem de monitorização e autoquarentena.
Também a Austrália comunicou que passou a impedir a entrada de cidadãos estrangeiros que cheguem da China, enquanto os australianos que viajaram para lá serão obrigados a entrar em "auto-isolamento" por duas semanas.
O Vietname suspendeu todos os voos da China continental a partir de sábado, enquanto a Rússia anunciou que interrompe a entrada de turistas chineses sem visto e deixa de emitir vistos de trabalho.
Restrições semelhantes foram anunciadas por países como Itália, Singapura e a vizinha Mongólia, no norte da China. Os Estados Unidos, Japão, Grã-Bretanha, Alemanha e outras nações já tinham aconselhado seus cidadãos a não viajar para a China.
A gigante tecnológica norte-americana Apple anunciou este sábado que vai fechar todas as suas lojas na China até ao dia 9 de fevereiro devido ao surto do novo coronavírus que fez já 304 mortos naquele país.
A empresa anunciou a sua intenção em comunicado citado pela agência France-Presse e tendo por base o princípio da "precaução" e as últimas indicações dos especialistas de saúde.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros britânico anunciou este sábado que "retirará temporariamente" da China alguns dos seus funcionários diplomáticos, devido ao coronavírus.
"Estamos empenhados em garantir a segurança e o bem-estar do nosso pessoal e dos seus familiares. Por isso, vamos retirar temporariamente alguns trabalhadores britânicos e os seus familiares da nossa embaixada e consulado na China", disse um porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, num curto comunicado.
A mesma fonte acrescentou que os cidadãos britânicos que continuam no país asiático poderão receber assistência consular "24 horas por dia, todos os sete dias da semana", apesar de a sua capacidade para prestar apoio poder ser "limitada".
Esta confirmação ocorre pouco depois da operação de evacuação de Wuhan para Londres e Madrid, num avião fretado pelo Reino Unido com 83 britânicos e outros 27 estrangeiros - principalmente comunitários - que foram isolados ao chegarem aos seus destinos, em função dos esforços para conter a propagação do vírus.
Os britânicos retirados de Wuhan foram transportados, depois de aterrarem na base militar de britânica de Brize Norte, em Oxfordshire (nas imediações de Londres), para o hospital de Arrowe Park, em Wirral, num comboio de seis autocarros escoltados.
Esses cidadãos permanecem alojados e isolados durante 14 dias num complexo de vivendas para pessoal de saúde e serão vigiados a todo o momento por médicos especializados.
Em Macau - onde estão identificados até agora oito casos (apenas um de uma residente no território), o governo exortou os operadores dos casinos a dar alojamento aos trabalhadores do território que residem no interior da China, de forma a prevenir a propagação do surto do novo coronavírus.
Esta afirmação surge no mesmo dia em que Macau registou o primeiro caso de infeção de um habitante de Macau e um dia depois do anúncio de duas pessoas que trabalham em casinos de Macau e que vivem na cidade vizinha chinesa de Zhuhai estarem infetadas.
"Os operadores dos casinos devem proporcionar esse alojamento", frisou o secretário para a Economia e Finanças, Lei Wai Nong, em conferência de imprensa, lembrando que a maioria dos não residentes trabalha em construção civil, restauração, hotelaria e limpeza.
Noutra medida para tentar conter a propagação do novo coronavírus, Macau suspendeu as visitas a reclusos e a jovens institucionalizados no Instituto de Menores.
Em Hong Kong, milhares de trabalhadores médicos votaram a favor do início de uma greve de quatro dias a partir de segunda-feira para pressionar o governo a fechar a sua fronteira com a China continental de forma a impedir a propagação do vírus, que já se espalhou para o centro financeiro.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou na quinta-feira, dia 30, uma situação de emergência de saúde pública de âmbito internacional (PHEIC, na sigla inglesa) por causa do surto do novo coronavírus na China. Uma emergência de saúde pública internacional supõe a adoção de medidas de prevenção e coordenação à escala mundial.
Esta é a sexta vez que a OMS declara uma emergência de saúde pública global. Para a declarar, a OMS considerou três critérios: uma situação extraordinária, o risco de rápida expansão para outros países e a exigência de uma resposta internacional coordenada.