Coração de D. Pedro recebido no Brasil com honras de chefe de Estado
A trasladação do coração de D. Pedro IV (I do Brasil) "renova" a proximidade histórica entre Portugal e o Brasil, considerou este domingo Raimundo Carreiro Silva, embaixador do Brasil em Lisboa, em declarações feitas na cerimónia de assinatura do protocolo entre a Embaixada da República Federativa do Brasil em Lisboa e o município do Porto.
"Não há nada mais justo e coerente que o coração visite a terra pela qual lutou enfrentando tantos obstáculos", afirmou, lembrando o impacto que D. Pedro tem no Brasil, uma vez que foi graças ao antigo rei que o país se tornou independente.
O embaixador referiu ainda que a urna onde o coração irá ser transportado, num voo acompanhado pelo autarca portuense Rui Moreira, será recebida em Brasília - na manhã desta segunda-feira - com pompa e circunstância. O que se estenderá com uma receção na terça-feira pelo presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, na rampa do Palácio do Planalto - sede do Ministério das Relações Exteriores -, à semelhança do que acontece em visitas de Estado, avançou o jornal Folha de São Paulo. Segundo o embaixador em Lisboa, "o coração será recebido como se o próprio imperador estivesse a regressar ao país."
A trasladação do órgão acontece no âmbito das comemorações dos 200 anos da independência do Brasil e, para acontecer, a cidade do Porto (onde o coração tem estado guardado, na Igreja da Lapa) e o governo brasileiro assinaram um protocolo para o efeito. Está previsto regressar à Invicta a 8 de setembro. E, segundo pedido das autoridades portuguesas, o coração não estará em exposição pelo Brasil, mas sim em apenas uma cidade: ficará exposto no Palácio do Itamaraty, em Brasília, até 8 de setembro.
Inicialmente, o plano previa que o coração passasse também pelo Congresso brasileiro. Mas segundo um dos coordenadores do Grupo de Trabalho do Bicentenário da Independência, tal não irá acontecer, para preservar as condições do órgão.
Também Marcelo Rebelo de Sousa estará nas cerimónias com o coração de D. Pedro em solo brasileiro. Está previsto que o chefe de Estado português, à semelhança de outros líderes de países de língua oficial portuguesa, marquem presença numa cerimónia no dia 6 de setembro.
Com Lusa
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