Cor explosivas e geometria nos desfiles de Pedro Pedro e Carlos Gil em Milão
Os designers Carlos Gil e Pedro Pedro mostraram, esta sexta-feira, em Milão, as propostas para a próxima estação quente. O espaço Le Cavallerizze foi o cenário escolhido para acolher os desfiles das coleções primavera/verão 2018 dos estilistas portugueses, que se apresentaram na Milano Moda Donna, no âmbito da Semana da Moda, com o apoio do Portugal Fashion.
Enquanto a coleção de Carlos Gil se define como tropical urbana, inspirando-se na arquitetura contemporânea de grandes cidades, como Singapura e a própria Milão, e nos ambientes orgânicos que nelas são criados, Pedro Pedro recua à década de 80, do século passado, para arriscar numa explosão de cores e romper com a "uniformidade" atual. Para estas novas propostas, o jovem designer baseou-se na história de George Orwell, '1984', para refletir sobre as questões da norma e das regras que, hoje, se aplicam "indiscriminadamente em tudo". A partir daí fez o contraponto e foi buscar a influência da música da década do título do livro de Orwell, "o início das raves, do desfazer tudo, de querer ser exuberante e de ser único", como explicou ao DN, à margem do desfile. É esse espírito de rutura com os padrões que Pedro Pedro reproduz nesta nova coleção. Nas propostas para a próxima primavera/verão, aventurou-se por cores como o rosa choque, amarelos, verde lima ou laranjas juntando-os, por vezes, numa só peça, como se pôde ver nos coordenados de malha com padrões de riscas largas multicolores. "As cores são todas fluor, muito, muito fortes", sublinha. A isso, acrescenta o designer, junta-se uma tendência já experimentada na coleção anterior, a de trabalhar os "materiais técnicos", neste caso "os nylons, as poliamidas, os materiais que fazem barulho".
Com uma coleção muito feminina, Carlos Gil procurou refletir a mistura da arquitetura contemporânea com o ambiente tropical através de padrões geométricos, como os hexágonos, e de cores como o esmeralda, o lilás, o amarelo e o preto e branco, que utiliza com maior destaque nesta coleção. Nesse jogo de tons e padrões, o designer procura traduzir os pormenores mais verdes da cidade que surgem espelhados nas paredes de vidro das torres e os jardins que quebram a monotonia do betão. A sensação de altura dessas torres inspiradoras é dada pelo comprimento das peças apresentadas. "As peças têm de ter sempre um aspeto muito longo", explica o designer, ao DN. Carlos Gil apostou nas pontas soltas - nas laterais dos vestidos, por exemplo - como apontamento para traduzir essa simbologia nos coordenados apresentados. A coleção do designer encerrou a participação portuguesa nos desfiles da Semana da Moda de Milão.
Jornalista do Delas.pt