O especialista no Hospital Júlio de Matos, do Centro Hospitalar Psiquiátrico de Lisboa, falava à agência Lusa a propósito de dados que serão divulgados no encontro "Avanços e controvérsias em Psiquiatria", que decorre na sexta-feira, na Ericeira. .Os dados, fornecidos pela consultora IMS Health indicam que em 2012 foram prescritos 7.753.193 ansiolíticos e 6.095.634 antidepressivos..Em relação a 2011, registou-se um aumento da venda de antidepressivos e estabilizadores de humor na ordem dos 7,7 por cento e de 1,2 por cento na venda de ansiolíticos..O aumento foi exponencial na prescrição destes fármacos a maiores de 65 anos que subiu de 1.739.406 em 2011 para 3.577.838 em 2012, no caso dos ansiolíticos, e de 1.439.591 em 2011 para 2.297.880 em 2012, nos antidepressivos e estabilizadores de humor..Para Pedro Afonso, existem vários fatores que têm levado ao aumento do consumo destes fármacos, a começar pela redução dos rendimentos através da diminuição das reformas.."São pessoas que, em muitos casos, já estão fragilizadas pela doença e que veem frustradas as suas expectativas em relação ao futuro", disse à Lusa..Mais frágeis, estas pessoas deparam-se com a dificuldade acrescida de terem de ajudar os filhos e sofrem também com a sua condição de desempregados e sem maneira de honrar os compromissos.."Muitas vezes estes idosos têm de acolher os filhos em casa e até de sustentá-los, apesar de receberem menos dinheiro", adiantou..Pedro Afonso garante que estes casos são aos milhares em todo o país e refletem a pressão enorme a que este idosos estão sujeitos, a que acresce, em muitos casos, a solidão em que vivem.. Sobre o consumo destes medicamentos, o psiquiatra não tem dúvidas de que esta ferramenta terapêutica tem evitado um maior número de suicídios.."Não podemos resolver os problemas destas pessoas, mas apenas oferecer algum alívio ao seu sofrimento e às vezes conseguimos esse alívio através do tratamento", concluiu.