Um ano depois de ter ganho a Palma de Ouro em Cannes, Dheepan está nas salas portuguesas. O nome que intitula o filme de Jacques Audiard é, literalmente, o passaporte do protagonista (Antonythasan Jesuthasan) para a Europa, ele que perdeu a família na guerra civil do Sri Lanka, e procura uma nova para poder partir.
[youtube:fQjY6vE1_Ac]
Assim, uma jovem mulher e uma criança órfã, no campo de refugiados onde se encontra, tornam-se suas companheiras de fuga, utilizando nomes de pessoas mortas. Chegados a França, a adaptação significa tanto um recomeçar a viver como uma aprendizagem dos afetos - essa tentativa de tornar a farsa familiar num quadro aproximado de felicidade. Mas Audiard não cede às emoções gratuitas.
Dheepan faz-se de um olhar subtil sobre a rugosidade dos dias e o sofrimento individual das três personagens. É na gestão mútua da dor, e no clima também decadente dos subúrbios de Paris, que o cineasta de Um Profeta procura aqui um retrato bem circunstanciado, sem fabricar uma "ideia geral" do que é ser refugiado.
Conjugada com o realismo, a poesia bem doseada faz de Dheepan um objeto tocante.
Classificação:***