Construir a vida por entre o caos

<em>Dheepan</em>, de Jacques Audiard
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Um ano depois de ter ganho a Palma de Ouro em Cannes, Dheepan está nas salas portuguesas. O nome que intitula o filme de Jacques Audiard é, literalmente, o passaporte do protagonista (Antonythasan Jesuthasan) para a Europa, ele que perdeu a família na guerra civil do Sri Lanka, e procura uma nova para poder partir.

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Assim, uma jovem mulher e uma criança órfã, no campo de refugiados onde se encontra, tornam-se suas companheiras de fuga, utilizando nomes de pessoas mortas. Chegados a França, a adaptação significa tanto um recomeçar a viver como uma aprendizagem dos afetos - essa tentativa de tornar a farsa familiar num quadro aproximado de felicidade. Mas Audiard não cede às emoções gratuitas.

Dheepan faz-se de um olhar subtil sobre a rugosidade dos dias e o sofrimento individual das três personagens. É na gestão mútua da dor, e no clima também decadente dos subúrbios de Paris, que o cineasta de Um Profeta procura aqui um retrato bem circunstanciado, sem fabricar uma "ideia geral" do que é ser refugiado.

Conjugada com o realismo, a poesia bem doseada faz de Dheepan um objeto tocante.

Classificação:***

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