A indústria conserveira tem apostado na inovação para ultrapassar a escassez de sardinha e já trabalha 16 espécies diferentes de peixe, incluindo o carapau, segundo o secretário-geral da Associação Nacional dos Industriais de Conservas de Peixe (ANICP)..Falta agora criar apetência para este tipo de produto: "Ainda não há um grande mercado para o carapau. É evidente que, para se fabricar esse tipo de produtos, é preciso que haja quem compra. Estar a fabricar para a prateleira não tem interesse nenhum para uma empresa", comentou Castro e Melo..Face às limitações de pesca de sardinha, a indústria conserveira nacional tem procurado encontrar alternativas, usando espécies abundantes como a cavala, cujas exportações passaram de 37 milhões de euros em 2013 para 45 milhões em 2015 e começaram inclusivamente a cativar o mercado interno..Castro e Melo sublinhou que as empresas do setor têm "inovado muito" e já processam atualmente 16 espécies diferentes, embora a sardinha, a cavala e, sobretudo, o atum -- a conserva favorita dos portugueses -- sejam as mais representativas em termos de volume..Segundo as Estatísticas da Pesca divulgadas na terça-feira pelo INE, as exportações de conservas, tradicionalmente o produto de pesca mais exportado, caíram em 2015 para a terceira posição, com um total de 185,4 milhões de euros, um decréscimo para o qual terão contribuído as restrições à pesca de sardinha..O responsável da ANICP realça, no entanto, que a exportação de conservas não se resume às tradicionais, de atum, sardinha ou cavala, sendo cada vez mais comum encontrar outros produtos como os moluscos, os polvos, as lulas..A categoria de produtos que engloba os 'crustáceos e moluscos' vendeu, aliás, 18 milhões de euros ao exterior em 2015..Face à quota de pesca de sardinha reduzida que tem sido disponibilizada aos pescadores portugueses, a indústria tem-se virado para outros fornecedores, nomeadamente Espanha (da Cantábria, que não faz parte do mesmo 'stock'), França ou Marrocos..Ainda assim, reconhece Castro e Melo, não é suficiente para suprir a quantidade de sardinha nacional que normalmente a indústria usa, sendo estas as conservasque "fazem a diferença" nos mercados internacionais, em termos comerciais..Por outro lado, as importações de conservas têm vindo a abrandar, à medida que a oferta nacional conquista terreno.."Em 2015, as importações face a 2013 caíram quase 50%, o que significa que o mercado interno tem crescido e essa diminuição de certo modo foi ocupada por vendas deconservas nacionais", destacou o secretário-geral da ANICP.