Concurso deixa de fora mais de metade dos professores que reuniam requisitos
Como previsto, as 3019 vagas criadas pelo Ministério da Educação para os concursos de vinculação extraordinária ficaram muito abaixo do número de professores que reuniam as condições para entrar no quadro. Pelo menos metade destes docentes - apesar de contabilizarem pelo menos 12 anos de serviço e cinco contratos nos últimos seis anos letivos - terão de esperar por uma nova oportunidade.
De acordo com as listas provisórias de ordenação, divulgadas ontem no site da Direção-Geral da Administração Escolar (DGAE), reuniram as condições exigidas perto de 10 mil candidaturas (9897, pelas contas do DN). Parte destas dizem respeito a professores que se candidataram a mais do que um grupo de recrutamento. Por exemplo: a Português (grupo 300) e a Educação Especial 1 (grupo 910). Mas mesmo considerando esta nuance, o número de candidatos elegíveis é sempre superior ao dobro das vagas.
"Os números definitivos só serão obtidos depois de identificarmos todas as duplicações mas fazendo uma estimativa pela ordem de grandeza, e tendo em conta a manutenção dessa proporcionalidade em relação a concursos anteriores, estaremos a falar de mais de seis mil professores. Ou seja: o dobro relativamente às vagas", confirmou ao DN Vítor Godinho, coordenador da área dos contratados na Federação Nacional dos Professores (Fenprof).
Muitos sem qualquer hipótese
O que fará a diferença, em termos de acesso aos quadros nestes concursos, será a posição dos candidatos nas listas graduadas, que combinam vários fatores, sobretudo o tempo de serviço e a nota final de curso. Mas estar bem posicionado nestas listas também não é sinónimo de sucesso. Quem não concorre aos grupo "certos", para os quais existem mais vagas criadas num dos quadros de zona pedagógica (QZP) do país - no caso, sobretudo o 1.º ciclo (grupo 110)e Educação Especial 1 (910)- tem menos hipóteses. Por exemplo, o grupo 320 (Francês) registou 474 candidaturas. Mas a portaria do Ministério relativa a esta concurso (192-c/2017) só prevê 52 lugares para esta disciplina. Já a Espanhol (350), há 36 vagas para 70 candidatos.
"Estranho", admitiu Vítor Godinho, foi o facto de largas dezenas de professores terem concorrido à vinculação por grupos de recrutamento para os quais não foram abertas quaisquer vagas, casos do Alemão, da Música e da Educação Tecnológica. Vários outros grupos, refira-se, abriram apenas entre um e cinco lugares.
Os sindicatos têm insistido com o ministro, Tiago Brandão Rodrigues, para a necessidade de abrir novos períodos de vinculação extraordinária. E estes dados, considerou o responsável da Fenprof, reforçam "a necessidade de o Ministério assumir esse compromisso".
Para além da vinculação extraordinária, foram ontem publicadas as listas provisórias da contratação a termo e da mobilidade interna, que permite aos quadros mudarem de escola.