Como ter novas ideias?
Provavelmente, o processo criativo, que é como quem diz: "qual a receita para ter ideias?", é fundamentalmente o mesmo em todos os ramos, profissões e áreas de atuação, de modo que a evolução de uma nova forma de arte, de um novo dispositivo, de um novo princípio científico, todos envolvem fatores comuns.
Uma forma de investigar o problema é considerar as grandes ideias do passado e ver como elas foram geradas. E é possível? Não.
Infelizmente, o método de geração nunca é claro, nem mesmo para os "geradores".
Mas e se a mesma ideia de doing something surgisse a dois homens, simultânea e independentemente em locais diferentes, sem nunca terem falado? Talvez os fatores comuns envolvidos sejam esclarecedores. Obviamente, o que é necessário não são apenas pessoas com um bom background num campo particular mas sim a capacidade de fazer uma conexão entre as diferentes variáveis, que normalmente não estão conectadas.
Esse é o ponto crucial. Essa é a característica rara que deve ser encontrada. Uma vez que a ligação entre variáveis é feita, torna-se óbvio. Thomas H. Huxley deveria até ter exclamado depois de ter lido sobre a origem das espécies: "Quão estúpido de minha parte não ter pensado nisso."
Mas estúpido porquê? Tudo fazia crer que o pensamento humano funciona na perfeição quando todas as variáveis estão em cima da mesa. Mas não.
Fazer uma conexão cruzada requer uma certa ousadia. Uma certa audácia, destreza ou até atrevimento intelectual. Pôr as sinapses a trabalhar, portanto...
E só depois de sermos atrevidos é que uma nova ideia parece minimamente razoável. Para começar, e no início, quando é gerada, geralmente parece irracional. Por vezes estúpida.
Estamos perante aquele momento irracional de supor que a terra é redonda em vez de plana, ou que é o Sol que se move e não a Terra, enfim... e como nasce então uma boa ideia?
Tudo nos diz que as pessoas com maior probabilidade de obter novas ideias são pessoas de boa formação, mas nada convencionais nos seus hábitos. Mas desengane-se quem achar que ser maluco é suficiente! Não é. Ou melhor, ser maluco não é de todo sinónimo de criatividade.., no entanto uma boa dose de loucura ajuda a fazer as tais conexões.
E a loucura... está apenas ao alcance de alguns.
Designer
Director do IADE - Faculdade de Design, Tecnologia e Comunicação da Universidade Europeia
--
Texto adaptado de: How do People Get New Ideas?
Ensaio de Isaac Asimov sobre criatividade (1959)