O guarda-redes José Sá e o avançado Moussa Marega foram os mais recentes jogadores a escaparem ao Sporting, rumando ao FC Porto, a exemplo de muitos outros futebolistas no passado que também foram desviados à última hora pelo presidente Pinto da Costa..Domingos Paciência foi, provavelmente, o caso mais mediático e caricato de todos, em 1999, quando o antigo avançado finalizou a segunda época ao serviço dos espanhóis do Tenerife. "Na altura o FC Porto estava interessado em mim e no Toñito, que era meu companheiro no Tenerife, mas queria-nos aos dois", começou por contar Domingos ao DN, acrescentando que o médio espanhol "acabou por rumar ao Sporting" e, perante isso, "os dirigentes do FC Porto desistiram" de tentar o seu regresso..Só depois de garantido Toñito é que o Sporting avançou para Domingos. "Na altura, o empresário José Veiga tinha excelentes relações com o Sporting e entrou em contacto comigo por causa do interesse deles em me contratarem. Chegámos a acordo e viajei para o Porto para depois seguir para Lisboa para ser apresentado", recordou..Pois bem, o volta-face acabou por ser inesperado para Domingos, que na altura tinha 30 anos. "Estava a conduzir, já estava na autoestrada, ali perto da Exponor, quando o meu telefone tocou. Era o presidente Pinto da Costa a perguntar onde é que eu estava. Disse-lhe que estava a caminho de Lisboa e ele, de imediato, disse-me para não ir e que ia ter comigo para assinar pelo FC Porto", recordou o antigo ponta-de-lança, que nessa curta conversa nem sequer discutiu o ordenado que iria auferir.."Eu tinha um acordo com o José Veiga, segundo o qual se, em algum momento, o FC Porto aparecesse para me contratar, o negócio com o Sporting ficaria sem efeito", lembrou e, sem se deter, explicou os passos seguintes: "Telefonei de imediato ao José Veiga dizendo-lhe que o presidente do FC Porto me tinha ligado e que, afinal, já não ia para o Sporting." Assim, num ápice, de quase grande reforço do Sporting, Domingos passou a ser o filho pródigo que regressava à casa onde passara praticamente toda a sua vida desportiva (a exceção fora as duas épocas no Tenerife).."Desde que decidi deixar Espanha, a minha vontade sempre fora regressar ao FC Porto, queria voltar a casa", assumiu Domingos Paciência, deixando claro que ficou a perder nessa sua opção. "A verdade é que o meu contrato foi por valores mais baixos do que aqueles que me oferecia o Sporting, mas eu queria era voltar ao clube do meu coração, e assim foi", descreveu o agora treinador, deixando claro que os casos Marega e José Sá em nada se comparam ao seu, pois o seu processo "foi bem mais demorado" e, além disso, havia o lado afetivo que sempre foi muito forte. "Estas contratações do FC Porto foram muito rápidas, ao que se sabe foi tudo numa noite, bem diferente do meu caso", finalizou..Rui Barros tirou fotos com Cintra.Domingos Paciência foi um dos 18 casos conhecidos que mostram uma longa história de antecipação do FC Porto em relação ao Sporting durante a era Pinto da Costa. Rui Barros terá sido o precursor. Em 1994, o pequeno avançado, então com 29 anos, estava de saída do Marselha, onde rebentara um escândalo de corrupção que culminaria com o clube na II Divisão francesa. Sousa Cintra, então presidente do Sporting, procurou resgatar aquele que era um dos melhores jogadores portugueses de então e chegou mesmo a tirar fotografias ao seu lado. Só que Pinto da Costa entrou em ação e recuperou Rui Barros para terminar a carreira de dragão ao peito..Os restantes "roubos" portistas foram todos no mercado nacional e, curiosamente, a grande maioria com origem no Marítimo. No total são seis, a saber: Kléber, Djalma, Sami, Danilo Pereira, Marega e José Sá. Do Nacional foram desviados três - Paulo Assunção, Rúben Micael e Rossato -, tantos quantos os que saíram do V. Setúbal rumo ao Dragão: Paulo Ferreira, Jorginho e, já este ano, Hyun-Jun Suk. O caso de maior sucesso terá mesmo sido Derlei, resgatado à U. Leiria em 2001, tendo pertencido à equipa que venceu a Liga dos Campeões com José Mourinho.