Como a Índia retirou um milhão de pessoas do caminho do ciclone Fani

O ciclone passou pela Índia e pelo Bangladesh deixando um rasto de destruição. Há 12 vítimas mortais confirmadas.
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Nos últimos dias, para avisar as pessoas do perigo do furacão, as autoridades de Odisha, estado do sul da Índia, enviaram 1,6 milhões de de mensagens de texto, puseram no terreno mil funcionários e quase 43 mil voluntários, colocaram anúncios na televisão, fizeram soar sirenes e até enviaram cartas para o correio com a mensagem: vem aí um ciclone, vão para os abrigos.

Aparentemente o sistema funcionou. O ciclone Fani, o mais violento furacão a atingir a costa da Índia em 20 anos, chegou a Odisha na sexta-feira de manhã com uma força de mais de 193 quilómetros por hora. Árvores foram arrancadas do chão. Pontes e postos elétricos caíram. Várias casas ficaram danificadas. Poderia ter sido uma catástrofe. Mas numa região tão populosa, o número de vítimas mortais confirmadas é, até agora, de 12 (embora alguns meios refiram 28).

Os especialistas consideram que a retirada de um milhão de pessoas em tão curto espaço de tempo, ainda por cima numa região tão pobre, pode ser considerada uma operação de sucesso. O estado de Odisha tem cerca de 46 milhões de pessoas e o rendimento médio é de menos de 5 euros por dia. A maioria da população trabalha na agricultura e também há muitos pescadores ao longo da costa. "Poucos esperariam este tipo de organização e de eficácia", afirmou Abhijt Singh, antigo oficial da marinha, citado pelo The New York Times . "É um grande feito."

O furacão também atingiu o Bangladesh, onde a mesma estratégia foi adotada e um milhão de pessoas foram transportadas para locais seguros.

Há 20 anos, um terrível ciclone atingiu a mesma região, destruindo aldeias e matando cerca de 10 mil pessoas. Foram encontrados corpos a quilómetros de distância, arrastados pela fúria das águas. Depois dessa tragédia, as autoridades de Odisha tomaram medidas para evitar que algo assim voltasse a acontecer. Depois de 1999, foram construídos centenas de abrigos anti-ciclone ao longo de toda a costa. As estruturas foram concebidas pelo Instituto Indiano de Tecnologia de Khargpur, umas das universidades mais conceituadas da Índia, e têm-se revelado seguros. "Fizemos um esforço enorme", disse Bishnupada Sethi, o oficial do estado que supervisionou a operação. "Isto não é o resultado do trabalho de um dia ou de um mês, mas de 20 anos."

Ao longo da última semana, mesmo quando o ciclone Fani ainda estava distante, as autoridades indianas começaram a preparar a evacuação. O mais importante era garantir que as pessoas iam para os abrigos, para onde também foram enviados camiões com água e comida. Depois, deram ordens para que os barcos ficassem em terra. Cancelaram voos, pararam os comboios.

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