Como a Boeing ultrapassou a primeira crise com os aviões que caíam

Na década de 1960, a multinacional norte-americana superou uma crise motivada por quatro acidentes aéreos do Boeing 737 com um aumento da formação dos pilotos. Nos últimos quatro meses, dois aviões da mesma companhia caíram durante a descolagem, que resposta dará a empresa?
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A queda do avião da Ethiopian Airlines a 10 de março causou 157 vítimas mortais e levou a União Europeia a fechar o espaço aéreo aos Boeing Max 8 e Max 9. Isto porque o principal suspeito do acidente é o próprio avião. Embora ainda não haja certezas, o problema parece residir num sensor de voo que terá enviado sinais errados para o software - o que terá feito o avião afundar o nariz logo após a descolagem. A mesma falha é apontada como a causa provável de outro acidente na Indonésia há menos de quatro meses com um aparelho idêntico. Juntos, os dois acidentes, causaram a morte a 346 pessoas.

O Boeing Max 8, um modelo de nova geração, prometia ser um dos grandes sucessos da empresa, mas se não conseguir dar a volta às tragédias que se têm abatido sobre o mesmo, o futuro da multinacional poderá estar em causa, segundo a CNN.

No entanto, esta não é a primeira grande crise do fabricante de aeronaves, nem sequer a maior. Em poucos meses, entre 1965 e 1966, quatro novos aviões Boeing 737 Max caíram. Três dos acidentes aconteceram durante aterragens em aeroportos nos Estados Unidos - dois ocorreram com apenas três dias de intervalo. Também na altura, a empresa viu-se obrigada a parar aviões - 371 em todo o mundo.

Sobreviveram à crise dos anos 1960 com o aumento e a melhoria da formação dos seus pilotos, que antes não estariam devidamente preparados para conduzir os então novos modelos com um sistema automático de segurança. Embora as causas exatas destes acidentes ainda sejam desconhecidas, o Conselho de Aeronáutica Civil e o Conselho Nacional de Segurança de Transporte acabaram por ditar o fim dos 727 acusando os pilotos pelos acidentes. A produção deste modelo viria a terminar em 1984 depois de terem sido feitas 1831 aeronaves.

Os Boeing 727 foram os primeiros aviões comerciais com três motores a jato na cauda, em vez de os habituais quatro. Tinham ainda asas inovadores que permitiam desacelerar mais rapidamente o avião ou aterrar em pistas com menos espaço. "Os investigadores acreditaram que o avião era seguro e não se referiram à forma como os pilotos estariam preparados para lidar com os aviões", disse Shem Malmquist, um dos investigadores dos acidentes com os 727.

As pessoas acabaram por esquecer com o tempo a vaga de acidentes, indica o historiador Brian Baum. Agora, no entanto, o receio de voltar a voar pela Boeing pode ser maior do que na década de 196,0 ou não, segundo Malmquist: "Não sei se as pessoas vão ficar preocupadas por muito mais tempo. Elas preocupam-se apenas com o preço dos bilhetes."

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