Comissária remete TAP para a Concorrência e avisa que comboio noturno não pode dar prejuízo
Todas as respostas sobre o processo de reestruturação da TAP só podem ser dadas pela concorrência europeia. Este foi o esclarecimento da comissária dos Transportes, Adina Valean, que ontem tentou respondeu às dúvidas dos deputados no parlamento e depois manteve um encontro bilateral com o ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos. Houve ainda tempo para falar sobre a sustentabilidade económica das viagens sobre carris durante a noite.
"Está nas mãos dos meus colegas da Concorrência", assim respondeu a comissária romena aos deputados Carlos Silva e Isabel Pires, do PSD e do BE, respetivamente. Adina Valean recordou que a injeção de 1,2 mil milhões de euros na companhia aérea portuguesa está sob investigação aprofundada.
Na resposta, a comissária manifestou o desejo de que a TAP "possa manter-se numa situação competitiva" e lembrou que a transportadora aérea de bandeira da Roménia (Tarom) está a passar por uma situação semelhante.
"Sei quão importantes são estas companhias para os cidadãos. São um ativo nacional", acrescentou a comissária.
Numa audição com menos de uma hora, Adina Valean recordou que o novo pacote ecológico europeu prevê que os transportes têm de reduzir as emissões em 90% nas próximas décadas. O comboio é escolhido como "o meio de transporte mais sustentável".
Mas nas viagens sobre carris para outros países não estão previstas ajudas, sobretudo se os percursos forem feitos durante a noite. "Há um grande impulso para os comboios noturnos, mas têm de ser economicamente sustentáveis", alertou.
Sobre a matéria, Adina Valean adiantou que está a ser preparado um estudo de viabilidade económica, para ser apresentado até ao final deste ano.
Mesmo sem conhecer os resultados, a comissária assume que "as pessoas preferem o comboio ao avião se o tempo de viagem for inferior a três horas. Mais do que isso, não preferem. Isto é lógico".
A comissária romena foi ao parlamento porque hoje à tarde vai partir, da estação do Oriente, em Lisboa, o Connecting Europe Express. O comboio vai viajar durante 35 dias por 26 países, passando por mais de cem cidades.
As fabricantes europeias de comboios têm tecnologia que permitiria que esta viagem fosse feita com apenas um comboio, tirando partindo dos eixos variáveis e das motorizações híbridas, para circulação em linhas não eletrificadas.
A Comissão Europeia, contudo, prefere mostrar as condições reais pelas quais os passageiros passam. "Vai ser uma grande oportunidade para falarmos sobre os obstáculos que existem. Se não identificarmos os problemas, não sabemos como as coisas funcionam. É fácil fazer estas ligações em países como Bélgica, Países Baixos e Alemanha, mas num país como o meu isso não é possível."