Comic Con: Esperança, fantasia e muitos testes covid

Depois de um ano em modo virtual, a Comic Con Portugal está de volta fisicamente no Parque das Nações até ao próximo domingo. No primeiro dia do evento a estrela maior foi o youtuber brasileiro Lucas Netto.
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A New Hope - Uma Nova Esperança. Este o mote da 7.ª edição da Comic Con Portugal que abriu portas ontem, quinta-feira, precisamente às 12:15 entre os pingos da chuva. O que não demoveu algumas filas de visitantes, sobretudo adolescentes, prontos a ver ao vivo e a cores todo o universo de atores internacionais, gaming, autores de banda desenhada, cosplayers (pessoas que se maquilham e vestem e imitam os maneirismos de personagens de séries, filmes ou banda desenhada), habituais neste tipo de evento. Se no ano passado a edição decorreu virtualmente, este ano, na Altice Arena e área circundante no Parque das Nações, o evento volta a realizar-se fisicamente. E a par das estrelas das séries de televisão e banda desenhada e youtubers conhecidos - ver destaque - o protagonismo vai para as medidas de segurança anti-covid, e pelo que se percebeu, na visita que o DN fez, sem facilitismos.

Para além do bilhete do evento é necessário mostrar comprovativo de teste negativo - há um stand de testes à entrada do recinto com o custo de 15 euros para testes antigénios e 45 euros para os testes PCR.

Para o diretor-geral da Comic Con Portugal, Paulo Rocha Cardoso, que fez as honras da casa com uma visita guiada à imprensa, ainda antes da abertura de portas para os visitantes, "o recinto da Comic Con está pensado para que não existam aglomerados e ajuntamentos". Questionado sobre a adesão aos próximos dias do evento, acredita que as pessoas estão receosas mas ao mesmo tempo estão a mentalizar-se que "esta é a nova realidade dos eventos" e confia numa boa adesão tendo em conta as normas de segurança. Corredores mais largos, locais nas bancadas para os visitantes se sentarem e ainda diminuição do espaço de alimentação, são apenas algumas das alterações dos eventos "normais" antes da pandemia, explica. No recinto, e entre marcas de bebidas, retalhistas, stands de computadores para jogos está a presença de vários canais de cabo e streaming, como, entre outros a HBO, AMC, RTP, SyFy ou um stand de memorabilia da série The Walking Dead, da Fox, e mesmo ao lado o espaço da Disney+, com destaques para o universo Frozen e Marvel e Star Wars. Mesmo antes do evento abrir portas, a tal nova esperança (título inspirado no filme com o mesmo nome da saga Star Wars), volta ao discurso do organizador: "Mesmo com muitas adversidades e com um grande esforço de todos nós, decidimos que tínhamos de organizar o evento agora".

Logo nas primeiras horas do evento, começaram a surgir amiúde visitantes, entre os adolescentes em maioria, algumas crianças acompanhados de adultos. Como o caso de Xavier Rodrigues, de 13 anos que veio celebrar o seu dia de aniversário na Comic Con. Encontramo-lo na zona de merchandising onde os olhos brilhavam para as estantes de todo o tipo de produtos de anime e manga. Conta-nos que ainda se recordada última edição onde esteve, em 2019, e este ano quis voltar, uma vez que não seguiu o evento virtual do ano passado. "Venho sobretudo pelo cosplay, gosto de ver e um dia gostava de fazer. E também pelos jogos", acrescenta. À pergunta se vai comprar produtos, responde que sim com a cabeça, a mãe, mesmo ao lado, confirma neste único dia do aniversariante no evento. Quem vai marcar presença todos os dias é Emanuel Nunes, 35 anos, a fazer cosplay a preceito de Son Goku, personagem da banda desenhada nipónica Dragon Ball. Conta que é um habitué destas andanças do cosplay, quer do Comic Con, "onde já vim a várias edições" quer noutros eventos. Ao todo, diz que há oito anos que encarna algumas das suas personagens preferidas. "Quero vir conhecer outros cosplays e ver alguns dos atores que vão estar cá", e sublinha o nome de Manu Bennet, o ator neozelandês protagonista nas séries Spartacus e Arrow, e que vai estar presente hoje e amanhã (10 e 11 de dezembro).
Propositadamente de Sines vieram Roberto e Beatriz Pereira, de 29 e 24 anos, respetivamente. "Chegamos de véspera para ver as luzes de Natal em Lisboa e depois vir à Comic Con". Roberto explica que é fã de jogos, sejam no computador ou de tabuleiro e vai aproveitar o evento para adiantar as compras de Natal". Beatriz tinha muito curiosidade de ver ao vivo Noah Schnapp, uma das estrelas da Netflix Stranger Things, "mas já não vamos estar cá, fica para a próxima", comenta.

"Vamos dobrar as nossas histórias e conteúdos para vários idiomas e resolvemos antecipar com o português de Portugal"

A estrela do dia foi Lucas Netto, o criador do maior canal infantil brasileiro e que tem cerca de 36,2 milhões de subscritores. Ainda antes de estar com os visitantes do evento, falou à comunicação social. Ele que hoje, muito mais do que um youtuber, é uma verdadeira indústria numa empresa onde trabalham 120 pessoas a pensar e a produzir os seus episódios de YouTube e filmes para a Netflix - já conta com 12 -, e ainda livros de banda desenhada. O mais recente, apresentado ontem mesmo, é O Belo Dorminhoco, onde o próprio Lucas vira personagem de banda desenhada em contos clássicos. "O objetivo é estar dentro das histórias da minha infância". Literatura pura para crianças elaboradas com a supervisão de uma psicóloga infantil.

O livro escrito em português do Brasil irá ter uma versão em português de Portugal. Ele que, como resposta a um artigo publicado no DN sobre o facto das crianças portuguesas estarem a adotar cada vez mais expressões brasileiras por seguirem youtubers do Brasil, indicou que iria, no futuro, dobrar os seus vídeos e não quis alimentar qualquer polémica. "Não acompanhei 100 por cento a questão, estava em tournée. Não foquei no problema e sim na solução. Vamos dobrar as nossas histórias e conteúdos para vários idiomas e resolvemos antecipar com o português de Portugal". Ele que é filho e neto de portuguesa e tem dupla nacionalidade - brasileira e portuguesa -vai estar esta sexta-feira nos habituais encontros com fãs, a dar autógrafos e fotografias (que são pagas, como é normal neste tipo de eventos).

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