Margaret, 90 anos, e William Shakespeare, 81, foram os primeiros a ser vacinados

As autoridades de saúde disponibilizaram nesta terça-feira as primeiras doses de vacina contra a covid-19, dando início a um programa de imunização global.
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A primeira dose foi administrada nesta terça-feira num dos hospitais de uma rede espalhada por todo o país, onde a fase inicial do programa já foi apelidada de Dia V, anunciaram as autoridades sanitárias.

A primeira pessoa do Reino Unido a receber a vacina contra a covid-19, desenvolvida pela farmacêutica norte-americana Pfizer e a sua associada alemã BioNTech, foi uma mulher de 90 anos.

Margaret Keenan foi filmada enquanto lhe era administrada a vacina, por volta das 06.30, no Hospital Universitário de Coventry, no centro de Inglaterra.

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Keenan, conhecida como Maggie, disse ter sido um privilégio ser a primeira a receber a vacina a poucos dias de completar 91 anos. "É o melhor presente antecipado de aniversário que podia desejar, porque significa que finalmente vou passar tempo com a minha família e amigos no ano novo, depois de ter estado sozinha na maior parte deste ano", disse, citada pelo The Guardian.

Maggie, que é de Enniskillen, na Irlanda do Norte, mas vive em Coventry há 60 anos, tem um filho e uma filha e quatro netos. Teve direito à vacina porque esteve internada uns dias e deverá ter alta nesta quarta-feira. Dentro de 21 dias terá de tomar a segunda dose.

Maggie, que trabalhou numa joalharia, agradeceu à enfermeira May Parsons, que lhe administrou a vacina. E aconselhou todos os que puderem levar a vacina a fazerem-no.

"Quero agradecer a todos os que cuidaram de mim, e o meu conselho é que tomem a vacina. Se eu cheguei aos 90 anos, vocês também conseguem", acrescentou.

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Parsons, que é das Filipinas mas trabalha no serviço nacional de saúde britânico há 27 anos, disse ter sido uma "grande honra" ter um papel neste dia especial.

A segunda pessoa a receber a vacina no mesmo hospital foi William Shakespeare (como o famoso dramaturgo inglês), de 81 anos, de Warwickshire.

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O ministro da Saúde britânico, Matt Hancock, disse na Sky News que ficou emocionado ao ver as imagens de Maggie a tomar a vacina.

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O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, agradeceu ao pessoal de saúde, aos cientistas que trabalharam arduamente para este momento e aos voluntários, assim como a todas as pessoas que têm seguido as regras para proteger os outros. "Vamos vencer isto juntos", escreveu no Twitter.

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Os reguladores britânicos deram na semana passada luz verde a esta vacina, que a partir de hoje começará a ser administrada aos grupos de risco do Reino Unido.

O país obteve este avanço no projeto de vacinação,+ depois de, em 2 de dezembro, os reguladores britânicos terem dado autorização de emergência para a vacina produzida pelo fabricante americano de medicamentos Pfizer e pela empresa alemã BioNTech.

As autoridades dos EUA e da União Europeia estão também a rever a vacina, a par de outras preparações "rivais" desenvolvidas pela empresa americana de biotecnologia Moderna, e por uma colaboração entre a Universidade de Oxford e o fabricante de medicamentos AstraZeneca.

No sábado, a Rússia começou a vacinar milhares de médicos, professores e outros grupos de risco em dezenas de centros em Moscovo, com a sua vacina Sputnik V.

Este programa está a ser encarado de forma diferente, uma vez que a Rússia autorizou o uso da vacina no verão, após ter sido testada em apenas algumas dezenas de pessoas.

Os primeiros carregamentos da vacina Pfizer-BioNTech foram entregues no domingo a um grupo selecionado de hospitais do Reino Unido.

Numa dessas instalações, o Croydon University Hospital, a sul de Londres, os membros do pessoal não puderam sequer tocar nos frascos, mas ficaram entusiasmados por tê-los apenas no edifício.

A vacina não vai chegar tão depressa quanto seria desejável ao Reino Unido, que conta com mais de 61 mil mortes - mais do que qualquer outro país da Europa - e mais de 1,7 milhões de casos de covid-19.

As 800 mil doses são apenas uma fração do que é necessário. O governo está a visar mais de 25 milhões de pessoas, cerca de 40% da população, na primeira fase do seu programa de vacinação, dando prioridade às pessoas com maior risco de contrair a doença.

O segundo grupo será o das pessoas com mais de 80 anos e dos trabalhadores em lares. O programa irá sendo expandido à medida que a oferta aumentar.

Em Inglaterra, a vacina será entregue em 50 centros hospitalares na primeira fase do programa, esperando-se que mais hospitais a disponibilizem à medida que o programa se for desenvolvendo.

A Irlanda do Norte, a Escócia e o País de Gales estão a fazer os seus próprios planos no âmbito do sistema de administração descentralizada do Reino Unido.

As questões logísticas estão a atrasar a distribuição da vacina Pfizer, porque esta tem de ser armazenada a uma temperatura negativa muito baixa: -70 graus Celsius (-94 graus Fahrenheit).

As autoridades também estão a concentrar-se nos pontos de distribuição em grande escala porque cada pacote de vacinas contém 975 doses e não querem que nenhuma seja desperdiçada.

O Reino Unido concordou em comprar milhões de doses a sete produtores diferentes.

Os governos de todo o mundo estão a fazer acordos com múltiplos criadores para garantir que os produtos que acabam por ser aprovados para uso generalizado sejam entregues.

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