Clientes de bordel em quarentena? É uma sátira que se tornou viral

Um site de notícias satíricas brincou com o Covid-19 ao fazer um artigo humorístico: em Valência 86 clientes estavam em quarentena num bordel. Era a brincar mas a notícia pegou fogo nas redes sociais.
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Foi uma animação nas redes sociais em vários países. A notícia - que afinal era apenas um apontamento satírico - dizia que um caso de coronavírus numa trabalhadora de um bordel de Valência, Espanha, tinha forçado à quarentena de 86 clientes que frequentavam o espaço.

O artigo tinha um isco bem delineado para a atração viral nas redes: "Clientes de um bordel em Espanha em quarentena por um caso de coronavírus". Pois, mas não é verdade: nenhuma mulher do "La selva negra", (nome também fictício), testou positivo ao Covid-19. E como é óbvio não existem os 86 homens clientes. Afinal era apenas uma "notícia" do Cerebrother, um jornal satírico digital, ao jeito do Inimigo Público português

As redes sociais, e mesmo alguns órgãos de comunicação social, não levaram os detalhes em consideração e propagaram o artigo até se tornar viral.

No texto, publicado em 26 de fevereiro, o Cerebrother escrevia: "Agentes da Polícia Nacional vigiam desde o amanhecer o club "La Selva Negra" de Valência, onde uma mulher testou positivo ao Coronavírus, disseram fontes policiais".

Acrescentava que o teste positivo "forçou hoje de manhã cedo a colocar em quarentena os 86 clientes que estavam no interior do espaço naquele momento. A funcionária, que agora está internado no Hospital Universitário, dormiu com vários clientes naquela mesma noite".

A notícia humorística apontava ainda que "os donos do clube, funcionários de segurança e limpeza, empregados de mesa, mulheres e clientes somam um total de 119 pessoas, todas em quarentena até novo aviso. As autoridades temem que as mulheres de alguns clientes comecem a reunir-se em frente ao bordel para pedir explicações".

Concluía com a novidade que "nenhum tinha sintomas de contração do vírus" e que "durante 14 dias teriam uma vida normal no interior do local", Além disso, os "agentes da polícia nacional introduziram 120 máscaras com um drone".

Nada mais longe da realidade. Bastava olhar para o logotipo no site e verifica-se que o Cerebrother se define como uma "imprensa (muito) livre" [Una prensa (muy) libre]. Se a atenção for direcionada para o aviso legal, ainda é mais fácil constatar que se trata de informações irónicas e falsas. Cerebrother indica que "é um jornal satírico cujo único objetivo é o entretenimento".

"Todo o seu conteúdo é ficção e não corresponde à realidade. Todas as referências, nomes, marcas ou instituições que aparecem na Web são usadas como elementos contextuais, como em qualquer história de romance ou ficção", lê-se no site, que assume que "não é recomendado a leitores menores de idade, dado os temas de alguns dos seus artigos".

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