Cintra volta a encenar atores da Cornucópia, abrindo a criação ao público
Luís Miguel Cintra prepara uma nova peça com os atores da Cornucópia, os de sempre e os mais jovens, mas isto não é a Cornucópia. É uma obra em construção, em quatro cidades, uma forma de resistência em forma de teatro, com produção da Companhia Mascarenhas-Martins.
A peça é Um D. João Português, com dramaturgia e encenação, e será feita "à vista", ao longo de 2017, em quatro blocos, repartidos por quatro locais, começando este sábado, às 21.00, com a sua apresentação, e primeira leitura, no polo da Junta de Freguesia de Afonsoeiro, no Montijo. "O Luís Miguel Cintra já tinha em mente fazer esta peça", explica Levi Martins, da Mascarenhas-Martins, produtor, com quem o ator e encenador falou depois do encerramento do Teatro da Cornucópia, no final de 2016.
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"A ideia dele é fazer este projeto numa partilha com o espectador, encarando o sistema de produção como parte integrante do projeto". No final, previsivelmente em janeiro de 2018, volta a cada uma das cidades para apresentar o espetáculo.
Pelo meio, em cada cidade, haverá "momentos de trabalho" que vão ser, igualmente, partilhados com os espectadores. "Em diálogo com eles e com os atores". Uma lista longa de pessoas participa: André Pardal, Bernardo Souto, Dinis Gomes, Duarte Guimarães, Guilherme Gomes, Joana Manaças, João Reixa, José Manuel Mendes, Leonardo Garibaldi, Luís Lima Barreto, Nídia Roque, Rita Cabaço. Rita Durão, Sílvio Vieira e Sofia Marques (para além de Cintra e da Companhia Mascarenhas-Martins).
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"Não está tudo predefinido", frisa Levi Martins, e essa é a ideia mais importante a reter deste Um Dom João Português, de Moliére (a partir da tradução para português, anónima, de 1785). "É um contraponto àquele processo que estamos a viver, em que está tudo predefinido, assumimos a nossa condição como forma de trabalho", explica o produtor, em declarações ao DN.
"Não nos apetece muito preencher folhas excel e ter discursos que não correspondem à verdade", defende Levi Martins, acrescentando: "Luís Miguel Cintra era uma pessoa que queria repensar isto de forma prática". Uma forma de" resistência", "com um processo de produção criativo e não industrial", defende Levi Martins. Para começar, por exemplo, não é claro ainda por onde vão passar, para lá do Montijo e de Viseu, em parceria com o Teatro Viriato, e, ainda sem confirmação, Guimarães. "Todas as entidades que aceitaram apoiar - Câmara Municipal do Montijo, União de Freguesias de Montijo e Afonsoeiro e a Universidade de Lisboa percebem a importância deste projeto". Para sábado deixa, nas mãos do encenador, mais detalhes do projeto.