Cindy Crawford. O adeus da vizinha do lado

Faz hoje 50 anos e continua a fazer suspirar muita gente...
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Nunca um sinal físico - chamar-lhe verruga destoaria, quando está em causa e entra em cena a mulher que obrigou o mundo da moda a inventar a expressão "supermodelo", depois repartida com as parceiras Claudia Schiffer, Naomi Campbell, Christy Turlington e Linda Evangelista - foi tão discutido como aquele que vale uma autêntica "impressão digital" a Cindy Crawford. Durante algum tempo, até a sua legítima proprietária encarou a hipótese da remoção cirúrgica. Depois, percebeu-se que ali estava uma mais-valia inesgotável. A ponto de estudiosos como Nigel Barker, que lançou recentemente o livro Models of Influence, em que escolhe as 50 mulheres de visuais mais marcantes na história da moda, considerar que a saliente manchinha vale como um sintoma da abertura de um universo que antes cultivava a perfeição, mesmo retocada, a uma dimensão mais real e mais verdadeira, aceitando e valorizando a verdade.

No fundo, nada que destoe no percurso de Cindy, que pôs a cidade de DeKalb, Illinois, no mapa da América. Ali nasceu e cresceu, ali foi descoberta, segundo a "mitologia" associada, enquanto aproveitava as férias de verão para trabalhar num campo de milho local. Durante algum tempo, depois dessa revelação de 1982, a jovem continuou a cruzar as solicitações fotográficas com outras ocupações compatíveis com a sua carreira académica - foi empregada de balcão, babysitter, trabalhou na limpeza de casas e lojas.

Da física nuclear ao físico

A sua "saudável" aparência rapidamente lhe valeu um estatuto dúbio: num cenário de sofisticação e glamour, ela nunca deixou de ser a girl next door (em tradução aberta, a vizinha do lado). Sem questionar uma beleza que lhe rendeu três décadas de passerelles, dezenas de campanhas publicitárias desenhadas em função dos seus atributos, Cindy Crawford ocupou sempre o lugar reservado à mulher "comum". O que não invalida, por exemplo, que uma boa parte dos seus vídeos de terapias e exercícios físicos (o primeiro foi lançado em 1992) tenha sido comprada e colecionada por homens que nunca fizeram ginástica... E o que realça ainda mais a sentença do estilista Michael Kors, que disse apenas isto: "Sozinha, a Cindy mudou a perceção que temos da mulher sexy americana, da típica magra, loira e de olhos azuis, para uma morena mais cheia, mais curvilínea, com cérebro, charme e profissionalismo até de sobra."

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