Foi uma das grandes referências da noite de Lisboa durante a década de 1990. Com vários episódios de violência na viragem do milénio acabou por fechar em 2011 e desde então só abriu portas para acolher eventos particulares. A partir de amanhã as Escadinhas da Praia voltam a dar passagem para a discoteca Kremlin, que reabre cinco anos depois do encerramento..Filipe Martins é agora um dos quatro promotores que quer devolver o Kremlin às noites áureas dos anos 90. "Apesar de não estar ativa continua a ser uma casa mítica de Lisboa, com grande potencial", diz ao DN, adiantando que "muita coisa vai mudar", mas sem tornar a discoteca irreconhecível a quem a frequentou noutros tempos. Continuará a ser uma discoteca de música eletrónica, alternativa. E sem alterações à traça do antigo convento, mantendo os icónicos arcos de pedra em ogiva .."É um projeto de continuidade de uma boa casa, com um bom nome", diz Filipe Martins. Fora deste "relançamento" do Kremlin estão os nomes que, há 28 anos, lançaram o projeto original, os irmãos Rocha, que concessionaram o espaço. Mas se a discoteca que reabre amanhã quer manter a herança do Kremlin, este é um projeto adaptado aos novos tempos, garante o também porta-voz do grupo de investidores. O que em Lisboa quer dizer com os olhos postos nos turistas que visitam a cidade. "Estamos a trabalhar a parte do turismo, nomeadamente com agências. Tínhamos uma noite muito forte em Lisboa, muita gente fora de Portugal ainda hoje fala nisso"..A discoteca abriu portas a 22 de Dezembro de 1988 pela mão de João e Gonçalo Rocha (filhos do antigo presidente do Sporting João Rocha), os nomes por trás do grupo K (que viria a abrir a Kapital, em 1993, além de várias outras discotecas e restaurantes, nas décadas seguintes). Com uma oferta musical à época inovadora na noite lisboeta, rapidamente o Kremlin se transformou num nome incontornável..Afonso Duarte tinha então 22 anos e a memória mais viva que guarda dos anos iniciais do Kremlin é mesmo... a auditiva. "Tinha um som espetacular. O melhor de Lisboa", lembra. Também se lembra do pior - "As filas à porta"..Pelo Kremlin passou, desde a abertura de portas quase até 1995, como DJ residente Tó Pereira (mais tarde DJ Vibe). Como lembra a biografia do próprio, em 1995 a revista inglesa "Muzik Magazine" apresentava "na sua primeira edição Dj Vibe e o Kremlin como "Um paraíso chamado Portugal" e elegia Lisboa como uma alternativa a outros destinos com reputação no campo da diversão noturna"..Terminados os anos 90, já com vários espaços a concorrer na área da música de dança/eletrónica, o Kremlin abriu a nova década com vários episódios de violência. Em 2001, um tiroteio vitimou um segurança. Anos depois, o Kremlin voltou às primeiras páginas dos jornais por causa de um episódio de tiros à porta. Encerrado em 2011, abrindo apenas pontualmente para eventos particulares, a discoteca passará agora a abrir, até às seis da manhã, às sextas e sábados.