Cimeira com a Índia abriu porta a novos acordos e foi um sucesso
O primeiro-ministro considerou que a cimeira entre União Europeia e Índia, este sábado, no Porto, constituiu um sucesso político, tendo aberto a porta à celebração de acordos comerciais e de investimento e a uma parceria estratégica.
Esta posição foi defendida por António Costa numa conferência de imprensa conjunta com os presidentes do Conselho, Charles Michel, e da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, no final da reunião de líderes União Europeia/Índia.
"As negociações que estavam congeladas desde 2013 vão ser retomadas. As portas ficam abertas para acordos com a Índia ao nível comercial e dos investimentos", afirmou Costa, falando também no objetivo de a prazo haver uma parceria estratégica.
De acordo com o primeiro-ministro de Portugal, país que preside ao Conselho da União Europeia este semestre, além de terem sido relançadas essas negociações ao nível comercial e dos investimentos, são agora iniciadas conversações em torno da proteção das indicações geográficas e avançou-se com uma parceria estratégica nas áreas da conectividade, no digital, na energia, no transporte e nas relações entre os dois povos".
"Creio poder dizer que esta foi uma cimeira de sucesso e que as portas ficam abertas para que possamos avançar e concretizar rapidamente estes acordos com a Índia. Estes acordos são fundamentais para o relançamento da economia global", advogou.
No plano político, António Costa salientou que esta foi a primeira vez que houve uma reunião entre os 27 líderes políticos da União Europeia e o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, que representam "os dois maiores espaços democráticos do mundo".
"As anteriores cimeiras foram meramente institucionais, onde apenas estavam presentes o primeiro-ministro indiano e as presidências do Conselho, da Comissão e a presidência rotativa", observou, numa conferência de imprensa em que tinha do seu lado esquerdo Charles Michel.
Ainda do ponto de vista político, António Costa classificou como "muito significativo que, num momento em que a Índia enfrenta uma situação tão dramática do ponto de vista da epidemia de covid-19, Narendra Modi não tenha adiado esta cimeira".
"Manteve esta cimeira e, apesar de ter sido feita através de videoconferência, teve resultados muito importantes", advogou o líder do executivo português.
Na perspetiva do primeiro-ministro, esta parceria estratégica que se desenha entre a União Europeia e a Índia, apresenta uma enorme relevância do ponto de vista geoestratégico, sobretudo no que respeita à "defesa do multilateralismo e na junção de esforços para enfrentarem grandes questões globais".
"Grandes questões globais como o covid-19, hoje, mas, também, e durante muito tempo, o combate às alterações climáticas", assinalou o líder do executivo português.
A reunião de líderes União Europeia/Índia, que hoje se realizou no Porto, teve como principal objetivo relançar as negociações sobre comércio e investimento e reforçar a cooperação, nomeadamente na tecnologia e na saúde.
O encontro juntou os líderes dos 27 Estados-membros e o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, que acabou por cancelar a viagem a Portugal devido à situação pandémica na Índia e participou por vídeoconferência.
A União Europeia é o maior parceiro comercial da Índia e o segundo maior destino das exportações indianas.
Esta cimeira com a Índia foi um dos principais objetivos da política externa de António Costa desde janeiro de 2017, quando realizou uma visita de Estado de cinco dias à Índia.
Numa segunda visita a Nova Deli, em dezembro de 2019, António Costa acertou com Narendra Modi que a cimeira entre União Europeia e Índia seria marcada para o período da presidência portuguesa do Conselho da EU, no primeiro semestre deste ano, e aconteceu hoje.