Cientistas alertam partidos para necessidade de novas políticas de ciência

Petição "Pelo Futuro da Ciência" é um apelo aos partidos que concorrem às eleições de domingo
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Mais de 70 cientistas portugueses lançaram um apelo aos partidos políticos que concorrem à eleições de domingo para que "na próxima legislatura defendam medidas para corrigir a atual situação da ciência no país", que está a viver "grandes dificuldades". O apelo, lançado como petição pública on line "Pelo Futuro da Ciência" já conta neste momento com quase 400 assinaturas.

"O objetivo desta iniciativa, que tem a particularidade de ser lançada por dezenas de investigadores seniores e coordenadores de centros de investigação e de grupos, é denunciar pela enésima vez o que tem sido a má política de ciência dos últimos quatro anos e alertar o próximo governo para que não repita os erros cometidos por este", explica ao DN a investigadora Sara Magalhães da comissão executiva do Centro de Ecologia, Evolução e Alterações Ambientais (CE3C), da Universidade de Lisboa, e uma das promotoras da petição.

Os cientistas fazem um balanço muito negativo da política de ciência do executivo de Passos Coelho, pelos "cortes que fez no financiamento do setor e no número de bolsas de investigação", e também pela avaliação do sistema "realizada sem transparência". Essa avaliação, que foi muito contestada pela comunidade científica, "terminou com a exclusão de metade das unidades de investigação na primeira fase e com uma atribuição de financiamento às unidades que passaram à segunda fase extremamente desequilibrada: 50% da verba disponível foi concedida a 19 unidades (11% do tal)", lê-se no texto "Pelo Futuro da Ciência".

"Não estamos contra a avaliação", sublinha Sara Magalhães, o que pretendemos é que ela tenha regras transparentes, o que não aconteceu na que foi feita pela FCT".

O sistema científico e tecnológico português vive hoje, por isso, em dificuldades, afirmam os cientistas, porque "perdeu capacidades e especialmente recursos humanos: muitos jovens investigadores promissores deixaram o país, aumentando «a fuga de cérebros»".

A falta de diálogo por parte da Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), organismo que gere e financia o setor, é outra das acusações dos cientistas. A FCT, dizem, continuou "numa política pouco dialogante com a comunidade científica, sem ouvir o Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas, investigadores, sindicatos, organizações de bolseiros ou sociedades científicas".

Urge agora corrigir os erros cometidos, apelam os signatários de "Pelo Futuro da Ciência", com medidas que permitam "garantir as capacidades, os recursos humanos e o desenvolvimento do sistema científico-tecnológico", com critérios "de excelência e produtividade", de forma que ele possa "ter maior impacto na sociedade".

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