Ciência e tecnologia já permitem alimentar o mundo inteiro

Até 2050, o planeta terá mais de 9,7 mil milhões de pessoas e será cada vez mais difícil garantir comida suficiente para todos. Conferência vai mostrar como a inovação está a ajudar a resolver o desafio.
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Ovos sem galinhas, carne vegetal e mais leguminosas. Esta parece ser a receita para responder a um dos maiores desafios da humanidade: garantir alimento em quantidade suficiente para uma população mundial que aumenta a uma velocidade cada vez maior.

Até ao final deste ano, a Organização das Nações Unidas prevê que os cidadãos do planeta sejam mais de oito mil milhões, um número que deverá chegar aos 9,7 mil milhões até 2050. Encontrar caminhos e estratégias para pôr comida na mesa de todas estas pessoas será o tema central da conferência "A alimentação no futuro: evolução ou revolução?", que acontece no próximo dia 9, a partir das 9h30, na Aula Magna, em Lisboa.

O evento - organizado pela Jerónimo Martins, com o apoio do Instituto Superior Técnico e do Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária - quer mostrar como Portugal está, em muitos casos, na vanguarda em termos de soluções agroalimentares apoiadas na ciência. "Temos excelentes exemplos em que a comunidade científica se conseguiu conjugar com o tecido produtivo para encontrar respostas", explica Tiago Domingos (ver entrevista). O professor associado do Técnico diz, contudo, que "há ainda muito trabalho para fazer" para garantir que a colaboração entre a academia e a indústria é fortalecida, colocando a ciência ao serviço da sociedade.

É desta forma que Tiago Domingos acredita ser possível conjugar o respeito pela proteção ambiental com a atividade agroalimentar, garantindo produção de alimentos para toda a população. Aliás, sobre esse equilíbrio entre a indústria e as metas para a neutralidade carbónica sublinha que "há práticas agrícolas capazes de retirar carbono da atmosfera" que é preciso adotar em larga escala.

A par de novas técnicas de produção, há algo a que não é possível fugir: o consumo excessivo de determinados alimentos. Pedro Graça, professor na Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto, participa na conferência para mostrar que "podemos viver bem com uma redução substancial do consumo de carne". A proteína e a sua importância para o ser humano será o foco da apresentação do especialista, que defende ser possível "consumir proteína de qualidade sem prejudicar o ambiente" ou a saúde. A regra, acredita, deve ser o equilíbrio na seleção dos alimentos, procurando aumentar o peso das leguminosas enquanto fonte de proteína, como o feijão, as ervilhas ou o grão.

A iniciativa vai contar com investigadores e cientistas para mostrar como a inovação está a encontrar alternativas viáveis, sustentáveis e nutricionalmente ricas, mas também dar a conhecer exemplos de empresas que estão na linha da frente no que à produção sustentável diz respeito.

O debate "Produção de carne bovina com menor impacto ambiental: Green Beef", moderado pela diretora do DN, Rosália Amorim, é disso exemplo. Contará com José Fraga (Best Farmer), Nuno Rodrigues (Terraprima) e Rui Bessa (Universidade de Lisboa).

"O futuro [da alimentação], neste momento, está completamente em aberto", remata Pedro Graça, que vê na inovação a resposta para o desafio da alimentação.

Alimentação no futuro: evolução ou revolução?

A conferência da Jerónimo Martins com o Instituto Superior Técnico e o Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária vai debater a inovação no sector. Acontece dia 9 de novembro, a partir das 9.30, na Aula Magna, em Lisboa.

Caso do milho

A agricultura de precisão está no centro da atividade da Quinta da Choldra, na Golegã, que se dedica sobretudo à produção de milho. A partir das 10.40, os responsáveis vão mostrar que é possível ser competitivo e sustentável.

Feijões mágicos

A professora e investigadora Marta Vasconcelos, da Escola Superior de Biotecnologia da Universidade do Porto, vai falar sobre a importância das leguminosas nas refeições do futuro e sobre o que está a ciência a fazer nesta área.

Carne mais verde

A produção de carne de bovino continuará a ser necessária, mas é preciso reduzir o seu peso nas emissões de CO2. O debate moderado pela diretora do DN, Rosália Amorim, vai mostrar bons exemplos que estão a fazê-lo hoje.

Um ovo sem galinha

A ciência tem permitido encontrar alternativas vegetais a muitos dos produtos de origem animal. Daniel Abegão, da Plantalicious, vai explicar como é possível ter ovos sem precisar de galinhas com apoio da inovação científica.

Produção de proteína

É um dos desafios para garantir alimento a uma população mundial que não para de crescer. António Serrano, da Jerónimo Martins Agro-Alimentar, falará sobre a revolução que está a acontecer nesta área.

dnot@dn.pt

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