China expulsa jornalista por criticar Governo
Ursula Gauthier, correspondente da revista francesa "L"Obs" na China, publicou um artigo em que sustenta que os motivos de apoio da China à França, após os atentados de novembro, poderia ter como motivação as suas ações na região de Xinjiang, onde vive a minoria muçlamana Uighur.
O artigo foi condenado pelo Governo chinês, e a imprensa estatal, que exige um pedido de desculpas e de retractação. Considerando que a jornalista falhou em pedir um "perdão sério "ao povo chinês e que já não era "adequada" para trabalhar no país. Pequim considera que o artigo apoiava "o terrorismo e atos cruéis".
"A China nunca apoiará a liberdade de promover o terrorismo", disse ontem o ministro dos Negócios Estrangeiros, queixando-se do que chama um duplo entendimento da questão - a ação chinesa é vista como repressão sobre minorias étnicas ao passo que no Ocidente recebe o nome de antiterrorismo.
A China atribui a causa de distúrbios em Xinjiang aos islamitas separatistas (cerca de 45% da população). Os Uighur, por outro lado, consideram que é a repressão da sua religião e dos seus costumes que está a provocar violência.
Gauthier considera a acusação "absurda" relatou à BBC que as autoridades chinesas lhe pediram repetidamente para pedir desculpa por apoiar o terrorismo. "Como querem que peça desculpa por algo que não fiz?". Para a repórter a questão é outra. "Estou convencida de que querem intimidar a imprensa estrangeira na China porque não querem ninguém que diga nada diferente da versão oficial".
O diretor do L"Obs , Matthieu Croissandeau, escreveu um editorial em defesa da jornalista. "Ursula Gauthier é objeto de uma campanha de uma violência inaceitável", diz. "Sempre defendemos a liberdade de expressão e o dever de informação, em França como no estrangeiro". Sem credenciais para estar na China como jornalista, onde vive e trabalha há seis anos, Ursula Gauthier fica impossibilitada de pedir um novo visto e terá de abandonar o país no dia 31.
A direção de "L'Obs" garante que tem feito esforços junto da embaixada da China em França e na embaixada de França na China procurando desbloquear a situação. Do Governo francês receberam a informação de que o executivo de François Hollande se mantém atento à situação de Ursula Guathier e que preza a liberdade de expressão.