Do verão passado até quarta-feira, uma mulher passou um verdadeiro calvário a ser chantageada por um desconhecido que adquiriu o seu telemóvel num site de vendas.Quando o homem descobriu que a antiga dona do telemóvel tinha deixado fotos comprometedoras no aparelho aproveitou para lhe extorquir dinheiro. A vítima só fez queixa à Polícia Judiciária de Aveiro há cerca de um mês, quando o suspeito passou a exigir sexo à mulher em vez de dinheiro, apurou o DN com fonte ligada à investigação..O alegado burlão foi identificado e detido pela PJ, em cumprimento de mandado de detenção, na cidade da Figueira da Foz, onde reside, na última quarta-feira. É suspeito dos crimes de burla, extorsão, coação sexual e falsidade informática, praticados de forma continuada desde o verão de 2015, referiu a PJ, em comunicado..O alegado burlão e a vítima conheceram-se por causa de uma transação comercial feita na internet, num dos sites de vendas onde a mulher colocou o anúncio da venda do seu telemóvel. O suspeito quis ficar com o aparelho e encomendou-o. Mas nunca chegou a pagar um cêntimo pelo telemóvel. Em vez disso, decidiu aproveitar-se do facto de a mulher ter deixado no telemóvel ficheiros com imagens ousadas e comprometedoras..O alegado burlão copiou esses ficheiros para computadores seus e passou a , regularmente, entrar em contacto com a mulher, diretamente ou através das redes sociais. Exigia que a vítima lhe pagasse somas avultadas ou então disponibilizaria para todos os seus amigos e contactos as imagens ousadas que tinha dela.."Na posse dos contactos da vítima e sob a ameaça de divulgação generalizada das imagens, passou a exercer junto daquela, quer nas redes sociais quer em contactos diretos, atos de chantagem que determinaram a entrega de dinheiro", referiu a PJ ontem, em comunicado..Os meses foram-se passando e a vítima decidiu entregar uma determinada quantia ao chantagista, um montante que não passou de umas dezenas de euros, segundo apurámos. O problema é que o suspeito não ficou por aí..Passou a exigir atos sexuais.Em fevereiro, o homem voltou a aparecer e desta vez aumentou a pressão. A vítima estava de tal forma em pânico que o burlão aproveitou para a lhe exigir que ela tivesse sexo com ele. Caso contrário, expunha-a aos olhos de todos. "Aumentou a pressão de tal forma que, explicitamente, passou a exigir que aquela se disponibilizasse para a prática de atos de natureza sexual", explicou a Judiciária, no comunicado..Foi então que a mulher decidiu acabar com o jogo doentio e apresentar queixa na Polícia Judiciária de Aveiro, da zona onde residia..Os inspetores da PJ ainda conseguiram localizar o suspeito na posse do aparelho. Apreenderam o telemóvel e também outros suportes informáticos para onde o homem tinha transferido os ficheiros comprometedores..Segundo soube o DN com fonte ligada à investigação, o suspeito não era um estreante na área do crime informático. Tinha antecedentes criminais por burlas informáticas, nomeadamente, compras através da internet. Mas, aparentemente, terá sido a primeira vez que ousou entrar no território da coação sexual, um crime severamente punido pelo Código Penal com prisão de um a oito anos. Já pelo crime de extorsão arrisca uma pena de prisão até cinco anos..O alegado burlão iria hoje ser presente a tribunal para conhecer as medidas de coação a que iria ficar sujeito.."A Polícia Judiciária recomenda, uma vez mais, o extremo cuidado que todos devem ter em apagar, de forma segura, todos os seus dados e ficheiros de quaisquer suportes eletrónicos, telefones, computadores, consolas, tablets, pen drives, discos rígidos e outros similares que pretendam transacionar, atento o tipo de uso a que esses dados e ficheiros podem estar sujeitos e que podem causar graves danos, quer no plano pessoal quer no plano profissional", conclui o comunicado da PJ.