Noite de horror no Dragão deixa FC Porto em último
Noite de horror no Dragão, como poucas vezes se viu na história europeia de um clube que já tem duas Champions no museu. A pesada derrota do FC Porto frente ao Club Brugge (4-0) espelha o desacerto defensivo de uma equipa, que sentiu como nunca a ausência de Taremi. Mas só isso não explica tudo e há que dar mérito à eficácia e concentração do tricampeão belga, que passa assim a liderar o grupo, uma vez que o Bayer Leverkusen venceu o At. Madrid (2-0). Os dragões são últimos do grupo B, com zero pontos.
Na antevisão do jogo da segunda jornada da fase de grupos da Liga dos Campeões, o técnico dos belgas disse que um empate fora nem seria um mau resultado e Sérgio Conceição respondeu que não ia na cantiga do treinador, porque ninguém joga para um ponto quando pode conquistar três. O técnico portista parecia adivinhar o doce envenenado que Carl Hoefkens tinha para ele...
Com Pepe no onze - fez ontem o jogo 111 na Champions, mais do que todo o 11 belga junto (97 jogos) - a equipa portista entrou com boa dinâmica no jogo e afetou positivamente o adversário que entrou na onda do jogo aberto de parada e resposta que empolgava as bancadas apesar da ameaça de chuva.
Nesses "enganadores" 15 minutos iniciais deu para ver as duas faces do mesmo João Mário. O lateral direito esteve perto do golo (que seria monumental)... antes de apanhado em contrapé e obrigado a correr de área a área para derrubar Ferrán Jutglà, que fugiu bem a Pepe e ia para a baliza. O árbitro marcou penálti e o mesmo Ferrán encarregou-se de bater Diogo Costa da marca dos 11 metros. O golo da equipa belga confirmava uma tendência nada agradável para o dragão europeu: nos últimos oito jogos o FC Porto começou sempre a perder.
A tentativa de reação portista foi imediata, mas entre tentar e ser bem-sucedido na tentativa ia uma grande diferença. Nem sempre as jogadas tinham continuidade para lá do último terço do terreno. Notava-se a ausência da irreverência e inquietude de Taremi no ataque. Face ao castigo do iraniano, Sérgio Conceição mudou quatro peças e jogou com Galeno e Evanilson num 4x4x2 muito desequilibrado... para o meio.
O técnico percebeu isso e mandou aquecer Danny Loader, Toni Martínez e Gabriel Veron, antes da única jogada merecedora de golo. Aos 23 minutos Otávio isolou Pepê, que perdeu o duelo com Simon Mignolet. Os erros próprios sucediam-se e as desatenções defensivas penalizavam a equipa portista, que atacava sem critério e abusava dos passes longos à procura e ninguém.
A saída apressada de Sérgio rumo aos balneários assim que o árbitro apitou para o intervalo garantia duas coisas: raspanete e mexidas na equipa para tentar dar a volta ao cenário negativo que deixaria os dragões em maus lençóis e em último lugar do grupo com zero pontos em dois jogos. E assim foi.
Pepê baixou para lateral (no lugar de João Mário, que foi substituído por Danny Loader) e Toni Martínez entrou para o lugar de Evanilson. Mas assim que começou o segundo tempo abateu-se sobre o Dragão um dilúvio. Literal e figurativamente falando. Quando todos esperavam por um dragão mais fresco física e mentalmente, eis que a equipa sofreu mais dois golos... frutos de duas indecisões defensivas - Pepe e David Carmo ainda não estão oleados.
Kamal Sowah bateu Diogo Costa para o 2-0 e Skov Olsen fez o 3-0 belga, que escandalizava o Dragão. E o escândalo ainda iria ser maior. Honra seja feita aos adeptos portistas, não foi por falta de apoio das bancadas que a reação em campo não aconteceu. O treinador portista deu o jogo como perdido e deu minutos aos jovens Gonçalo Borges e Veron e viu a equipa desistir também e sofrer mais um golo aos 89 minutos. Já depois de Raphael Onyedika ter acertado no poste, Antonio Nusa não quis saber dos dramas portistas e fez o 4-0, que traduz a maior vitória de sempre do clube belga fora de casa e coloca o Brugge na liderança.
A pesada derrota - a segunda pior de sempre em casa na Liga dos Campeões - deu ainda mais sentido ao mural exibido pela claque dos Super Dragões, com João Pinto a levantar a orelhuda em 1987 e Vítor Baía e Jorge Costa a erguer a de 2004. Uma forma simpática de enaltecer o feito de Artur Jorge e José Mourinho e lembrar aos pupilos de Sérgio Conceição o peso da História.
VEJA OS GOLOS
0-1 Ferrán Jutglà (Club Brugge)
Twittertwitter1569769625969377284
0-2 Kamal Sowah (Club Brugge)
Twittertwitter1569781275996856320
0-3 Skov Olsen (Club Brugge)
Twittertwitter1569784082657325056
0-4 Antonio Nusa (Club Brugge)
Twittertwitter1569792344077246464
isaura.almeidda@dn.pt