CGD com prejuízos de 189,3 milhões de euros no 3.º trimestre

O custo do risco de crédito fixou-se em 0,77%, que compara com 0,66% no período homólogo de 2015
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A Caixa Geral de Depósitos teve prejuízos de 189,3 milhões de euros nos primeiros noves meses deste ano, comparativamente a um lucro de 3,4 milhões de euros registados no mesmo período de 2015, divulgou hoje o banco.

Segundo dados publicados na página da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) na Internet, o produto bancário alcançou os 1.182,2 milhões de euros em setembro de 2016, uma redução de 432,8 milhões de euros face ao período homólogo de 2015, "penalizado pela redução em 370 milhões de euros nos resultados de operações financeiras", justifica o banco público no comunicado enviado ao regulador.

A margem financeira estrita cresceu, nos primeiros nove meses do ano, 48,1 milhões de euros para 854,7 milhões de euros, equivalente a uma subida de 6% face ao período homólogo, devido "à redução do custo de funding (-244,1 milhões de euros, -17,2%) superior à diminuição igualmente sentida nos juros de operações ativas (-195,9 milhões de euros, -8,8%)".

Já as comissões líquidas até setembro caíram 8,1% em termos homólogos para 344,7 milhões de euros, tendo os resultados de operações financeiras sido negativas em 41 milhões de euros entre janeiro e setembro, segundo o banco agora liderado por António Domingues.

A Caixa refere que durante os meses de julho a setembro, os valores registados em imparidades que "resultam exclusivamente da periodificação dos valores previstos no orçamento de 2016".

A CGD destaca que "desde o início de funções a 31 de agosto de 2016, a nova administração, no contexto do plano de recapitalização e com conhecimento das entidades reguladoras, tem em curso um exercício de reavaliação do valor dos ativos e de potenciais contingências da CGD e das necessidades de imparidades correspondentes, que por não estar concluído, não se encontra refletido nas contas agora divulgadas".

"Este exercício deverá estar concluído antes do encerramento das contas referentes a 31 de dezembro de 2016 e será refletido nas demonstrações financeiras referentes ao ano de 2016", refere a instituição, acrescentando que "o plano de recapitalização prevê um aumento de capital de até 2.700 milhões de euros para cobrir as necessidades de imparidades referidas".

Quanto ao resultado de exploração core (soma da margem financeira estrita com comissões deduzida dos custos operativos) do Grupo CGD, este aumentou 25,8% face ao período homólogo do ano anterior, para 256,5 milhões de euros, "beneficiando do comportamento da margem financeira estrita e dos custos operativos".

Já os custos operativos evidenciaram uma redução de 3,6% face ao período homólogo de 2015, "beneficiando da contenção sentida em todas as suas componentes, refere a CGD, vincando que, "excluindo o custo não recorrente relativo ao programa de pré-reforma ou de aposentação voluntária em curso (Plano Horizonte), a redução teria sido de 5,6%".

"Não obstante a redução dos custos operativos, a quebra do produto bancário atrás descrita, levou a que o indicador de 'cost-to-income' se situasse em 77,8%", afirma o banco público.

O resultado bruto de exploração situou-se em 239,3 milhões de euros nos primeiros nove meses do ano, uma redução de 397,8 milhões de euros face ao período homólogo.

O custo do risco de crédito fixou-se em 0,77%, que compara com 0,66% no período homólogo de 2015.

A carteira das aplicações em títulos, incluindo os ativos com acordo de recompra e derivados de negociação, atingiu os 20.377 milhões de euros, o que correspondeu a um aumento de 925 milhões de euros (4,8%) face ao período homólogo, "proporcionado pela situação de liquidez."

Os recursos de clientes na CGD Portugal totalizaram no final de setembro 71.645 milhões de euros, mais 218 milhões de euros do que no mesmo período do ano passado.

O total de recursos de clientes particulares da CGD Portugal atingiu 58.429 milhões de euros, um aumento de 1.328 milhões de euros (+2,3%) em termos homólogos. Já o crédito a clientes bruto (incluindo créditos com acordo de recompra) era, em setembro último, de 69.938 milhões de euros (-2,1% face a setembro de 2015).

Ao nível do Grupo CGD, os recursos junto do Banco Central Europeu (BCE) aumentaram 762 milhões de euros face a setembro de 2015, situando-se em setembro nos 3.577 milhões de euros, um aumento "acompanhado de uma subida na carteira de ativos elegíveis incluídos na pool do Eurosistema, passando de 11.812 milhões de euros em setembro de 2015 para 12.349 milhões de euros no final de setembro do corrente ano".

Os capitais próprios do Grupo totalizaram 5.712 milhões de euros, uma redução de 594 milhões de euros (-9,4%) face ao observado no final de setembro de 2015, "influenciada pela evolução das reservas de justo valor e outras reservas e resultados transitados".

Os rácios 'Common Equity Tier 1' alcançaram os valores de 10,2% e 9,3%, respetivamente.

O resultado líquido obtido pela atividade internacional nos primeiros nove meses de 2016 teve como maiores contribuidores a Sucursal de França (62,1 milhões de euros, incluindo o impacto do referido proveito não recorrente), o BNU Macau (45,2 milhões de euros), o BCG Angola (18,9 milhões de euros), o BCG Espanha (15,7 milhões de euros) e o BCI Moçambique (9,8 milhões de euros).

A CGD tem estado envolta em polémica, devido ao impasse gerado relativamente à apresentação das declarações de património e de rendimentos ao Tribunal Constitucional por parte da nova equipa de gestão do banco público, que, segundo as notícias que têm vindo a público, entende que não está obrigada a fazê-lo, com a oposição a exigir esclarecimentos ao ministro das Finanças, Mário Centeno.

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