Nos últimos dias, ficámos a conhecer por uma comentadora os resultados da auditoria independente à atividade da Caixa Geral de Depósitos (CGD) entre 2000 e 2015, pedida pelo governo em junho de 2016. Isto depois de esta informação ter sido recusada ao Parlamento e aos deputados por razões que se prendem com o sigilo bancário..O relatório diz-nos algo que todos nós já desconfiávamos: que entre 2000 e 2015 foram registadas elevadas perdas em créditos concedidos, fruto do não cumprimento das regras de avaliação de risco na decisão de concessão de empréstimos. Segundo o relatório, o maior número de casos nos quais foram desconsideradas as recomendações das análises de risco, aprovando-se empréstimos mesmo quando o risco era desfavorável ou condicionado, e sem requerer todos os documentos necessários para justificar a sua aprovação, foram registados entre 2007 e 2011, abrangendo os anos dos dois governos liderados por José Sócrates..Posto isto, não é de admirar que, entre 2013 e 2015, o volume de imparidades da CGD, isto é, o montante de perdas irrecuperáveis dos valores dos ativos do banco, tenha evoluído de 46,9% para 58,1% no setor do imobiliário e construção, uma evolução contrária a todos os restantes bancos, que no mesmo período diminuíram o volume das suas imparidades. Além disso, dos 64 devedores cujos créditos concedidos foram contra as usuais regras na avaliação e concessão de financiamento, houve sete em que a Caixa perdeu todo o dinheiro emprestado, e 18 casos nos quais foi forçada a reconhecer uma imparidade superior a 50% do montante concedido. Isto só mostra o mau governo - ou melhor dizendo, o desgoverno - em que se encontrou a Caixa Geral de Depósitos neste período e que custou milhões de euros aos contribuintes..Vêm agora o PS, o BE e o PCP bater com a mão no peito e exigir responsabilidades. O que é espantoso. Porque são os mesmos partidos que boicotaram o funcionamento da comissão parlamentar de inquérito à recapitalização da Caixa Geral de Depósitos e à gestão do banco e que determinaram o seu encerramento, impedindo a realização de audições parlamentares que os próprios tinham pedido. Ou seja, PS, BE e PCP não quiseram apurar as responsabilidades, nem contribuir para a descoberta da verdade na gestão do banco público há um ano. Pelos vistos, mudaram de opinião..É, pois, mais do que altura de se apurar as responsabilidades neste caso. Portugal não pode, nem deve, deixar que os contribuintes paguem pela má governação do banco do Estado. É tempo de a impunidade chegar ao fim..Presidente da JSD