A exportação de fruta veio às páginas do Diário de Notícias de junho de 1934, mais concretamente de cerejas. Pode ler-se, numa das colunas que o vapor João Belo recebeu o embarque de "218 caixas com cerejas destinadas aos portos da África Francesa e Portuguesa"..Fruta essa devidamente "verificada no Entreposto da Rocha de Conde de Óbidos pelos inspetores da divisão dos serviços Arborícolas e Hortícolas". Do total da remessa, 108 caixas receberam "Marca Nacional" e as restantes "Marca Frutas Portuguesas de Exportação". Tempos que não adivinhavam o quanto o fruto contribui hoje, 85 anos depois, para negócios na ordem dos milhões, sobretudo na região do Fundão - uma das três áreas onde em Portugal se produz cereja. Sete mil toneladas é a previsão da produção para este ano e com destinos mais variados do que nos anos 1930..Também nessa década do século passado, nos tempos em que os pregões faziam parte da sonoridade do dia-a-dia das cidades, cantava-se a chegada das cerejas..Pregões esses que mudavam ao sabor das estações e dos produtos de época, cantados por vendedoras e varinas. O DN dava conta, a 10 de maio de 1936, de uma vendedora ambulante que no meio dos transeuntes cantava os pregões para a venda das cerejas que acabavam de chegar à cidade. Nesse tempo, também os jornais em papel eram cantados pelos ardinas, com as manchetes em destaque. O que dava azo às conversas que, como se sabe, são como as cerejas.