Centro de controlo de doenças alemão alvo de ataque
Um edifício do Robert Koch-Institut (RKI), em Berlim, foi atacado nesta madrugada com garrafas e engenhos explosivos, no dia em que a Alemanha ultrapassou a barrreira oficial dos dez mil mortos por covid-19 e há avisos de que um novo confinamento generalizado poderá acontecer.
Um segurança deu conta de pessoas a atirar garrafas ao edifício, localizado na General-Pape-Strasse, no bairro Tempelhof, em Berlim, por volta das 2:40 da manhã.
Houve também um incêndio que um funcionário do RKI conseguiu extinguir, e uma janela foi partida. Não foram relatados quaisquer ferimentos, noticia a Deutsche Welle.
O instituto federal de investigação, com edifícios em Berlim e em Wernigerode (na Saxónia), é o responsável pelas políticas de supervisão e combate à pandemia. O seu diretor é o veterinário e microbiologista Lothar Wieler, que se tornou conhecido em todo o país graças às conferências de imprensa sobre o coronavírus.
Grupos ligados à extrema-direita e às teorias da conspiração têm, no entanto, criticado as medidas do governo nacional, que poderá ser forçado a um novo confinamento generalizado. Foi o que disse o deputado e especialista em saúde pública Karl Lauterbach em entrevista ao Bild am Sonntag.
Neste domingo realizou-se uma manifestação em Berlim contra as medidas que as autoridades decretaram, acabando alguns ajuntamentos com confrontos com a polícia e detenções.
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A Polícia informou que se juntaram cerca de 2000 pessoas na Alexanderplatz, sem obedecerem às regras de distanciamento social nem máscaras, pelo que as autoridades intervieram.
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No final de agosto cerca de 40 mil pessoas juntaram-se em Berlim, sob as bandeiras do movimento conspiracionista QAnon e a bandeira do Reich, ligada a grupos neonazis e antissemitas, para denunciar as restrições sociais em resultado do combate à propagação do novo coronavírus. "Acabem com a pandemia de imediato" era uma das palavras de ordem, como se o vírus se extinguisse por decreto.
A Alemanha tem recebido elogios internacionais pela forma como lidou com a pandemia, mas o mesmo não se pode dizer quanto ao que se passa internamente.
Ao nível científico, o RKI é criticado por alguns cientistas e virologistas alemães, por este, exemplo, desaconselhar a realização de autópsias em pessoas que se acredita terem morrido por causa da COVID-19.
Ao nível da transmissão de dados, é a norte-americana Universidade Johns Hopkins (JHU) quem primeiro atualiza os números de infecções por coronavírus na Alemanha.
Segundo a Deutsche Welle, a morosidade do instituto alemão deve-se ao facto de depender das informações de agências regionais, levando a um atraso na compilação dos dados.
O RKI ficou também ligado a um episódio inaudito. No final de março, a conta de Twitter do instituto partilhou uma mensagem sobre o surto do dirigente de extrema-direita da AfD Björn Höcke. A mensagm foi posteriormente apagada e o RKI disse que alguém se apoderou da conta.