"A formação profissional em Portugal está desatualizada", diz Adolfo Mesquita Nunes, coordenador do programa eleitoral do CDS. E para que se vire para as exigências do século XXI, o partido avança com a proposta de dar competências aos trabalhadores na área da economia digital, que interfere com todas as atividades económicas.."Queremos responder à necessidade das nossas indústrias que precisam de mão-de-obra qualificada e não estão a encontrar", sublinha Adolfo Mesquita Nunes. Além disso, o CDS defende que deve ser dada mais liberdade de escolha e flexibilidade à formação, porque os tempos atuais exigem uma formação cada vez mais personalizada..É preciso, por isso, defende o partido de Assunção Cristas, que se faça uma atualização "urgente" do Catálogo Nacional de Qualificações, ouvindo os parceiros sociais, entidades empregadoras e sindicatos, e criando uma task force composta pelo Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP), Agência Nacional para a Qualificação e o Ensino Profissional, centros de formação profissional e instituições de ensino superior..Adolfo Mesquita Nunes diz também que é preciso criar um ranking de empregabilidade dos cursos de formação, para adequar a oferta à procura. Quanto à formação em economia digital é preciso formar formadores, já que se trata de um terreno por explorar. "O ranking é um mecanismo de concorrência no sistema", defende o coordenador do programa eleitoral do CDS..Esta é mais uma proposta eleitoral que o CDS tem vindo a apresentar publicamente, para que as medidas "façam o seu caminho". A apresentação formal do programa, segundo Adolfo Mesquita Nunes, está programada para depois das férias..Esta proposta do CDS surge meses após um estudo feito para a Confederação da Indústria Portuguesa (CIP), precisamente sobre "o Futuro do Trabalho em Portugal", concluir que "Portugal tem um relativamente alto potencial de automação, devido ao peso da indústria transformadora e às tarefas repetitivas registadas em diversos setores", e aponta a transformação digital da sociedade e da economia nacionais como "uma enorme oportunidade"..Segundo as conclusões do trabalho, cerca de 1,8 milhões de trabalhadores "necessitarão de melhorar as suas competências ou mudar de emprego até 2030", o que "coloca desafios significativos que exigirão um papel ativo tanto pelo governo como pelo setor privado no processo de reconversão da força de trabalho"..A CIP criou até um conselho de estratégia para a economia digital coordenado pelo social-democrata Pedro Duarte, ex-secretário de Estado da Juventude, e composto por 35 representantes do setor..ADSE para todos.O CDS já tornou entretanto públicas outras propostas como a de acabar com os regimes diferentes de acesso à saúde entre o sistema dos funcionários públicos e dos privados. Defendem a ADSE para todos os que queiram aderir e a dedução integral dos seguros de saúde no IRS..O partido liderado por Assunção Cristas quer eliminar a "discriminação" que existe entre a administração pública e os trabalhadores do setor privado no acesso à saúde. Avançam nesta sexta-feira com mais uma medida do seu programa eleitoral que visa abrir a ADSE a todos os portugueses que entendam aderir ao sistema agora só acessível aos funcionários públicos. E ao mesmo tempo garantir que os seguros de saúde possam ser totalmente deduzidos no IRS, dando-lhes o mesmo tratamento que é dado à ADSE..O CDS afirma que o regime aplicável aos trabalhadores da administração pública só deve ser distinto do aplicável ao setor privado naquilo que for específico da atividade da administração pública. "Em tudo o mais, trata-se de uma discriminação que não é aceitável." Lembra ainda que a ADSE deixou de ser um benefício dado pelo Estado-empregador à administração pública, visto que o subsistema complementar de saúde de adesão voluntária é exclusivamente pago pelos descontos mensais dos beneficiários..Acresce, sublinham os centristas, que os funcionários públicos podem ainda contratar seguros de saúde privados se assim entenderem, não acontecendo o mesmo com os funcionários do setor privado em relação à ADSE..A proposta contempla ainda o fim de regimes diferentes de tratamento fiscal no que diz respeito à ADSE e aos seguros privados de saúde, que o CDS quer ver também integralmente deduzidos no IRS..Estas alterações implicam, segundo a proposta centrista, a criação de uma comissão técnica para o estudo prévio do perfil e condições de acesso de novos beneficiários da ADSE; a negociação dos termos da aplicação deste alargamento em sede de concertação social; e a alteração ao código de IRS..O CDS já avançou também com a abertura das primeiras consultas de especialidade nos hospitais privados e do setor social para reduzir as listas de espera e com outra que pretende evitar as penhoras pelo fisco antes de os prazos que os contribuintes têm para se pronunciar sobre a dívida fiscal em causa.