CCB tenta atrair portugueses para a poesia
António Santos, organizador da Feira do Livro de Poesia no CCB, lamenta que as tendências de consumo em Portugal não se dirijam para a poesia. "A poesia, sendo um género maior na literatura, não tem correspondência do ponto de vista da procura. Tem grandes dificuldades em ganhar espaço nas livrarias, em função de ter uma procura reduzida e de não ser uma primeira opção de compra", afirma à agência Lusa o representante da distribuidora Sodilivros.
Reconhece que os portugueses lêem muito mais do que há uns anos atrás, mas dirigem as suas preferência para "literatura mais fácil, autores mais directos e a chamada literatura light". E as grandes livrarias e grupos livreiros assumem a preocupação de corresponder a esta opção de consumo, não dando lugar à poesia nos escaparates.
A dificuldade na venda de obras deste género literário torna também complicada a vida de jovens poetas. "Os editores editam, mas pela dificuldade na comercialização e venda, apostam nos autores consagrados. Um jovem poeta que escreva o seu primeiro livro vai ter muita dificuldade em editar por via de uma editora", explica António Santos. Mas a afluência de pessoas às iniciativas que assinalam o Dia Mundial da Poesia pode indicar, diz o organizador desta feira do livro, que ainda há quem procure obras líricas. "Este Dia uma referência, é uma marca. Costuma vir muita gente, o que significa que também há algum apetite por encontrar livros de poesia em quantidade, que não se encontra praticamente em nenhuma livraria do país", justifica.
O CCB dedica o dia de hoje a este género literário, destinando vários espaços onde a poesia portuguesa é dita por poetas, actores ou figuras públicas, um espaço para os espontâneos, baptizado como "Diga lá um Poema", uma maratona de leitura dedicada a Herberto Helder, e um concurso de poesia dirigido às escolas.