Catarse e exuberância no regresso de Coachella ao deserto da Califórnia

Três anos depois, mais de 100 mil pessoas voltam a Indio para um dos festivais de música mais exuberantes do mundo. Arcade Fire, Anitta e Harry Styles marcaram arranque
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Justin Bieber apareceu de surpresa a meio do concerto de Daniel Caesar para cantar Peaches. Snoop Dogg apresentou Onda diferente com a brasileira Anitta. Harry Styles cantou Man, I feel like a woman com Shania Twain. E os Arcade Fire, fiéis às origens indie do festival, entregaram uma das performances mais emocionantes e catárticas do primeiro dia do Coachella Valley Arts and Music Festival, que regressou ao deserto da Califórnia em toda a sua glória.

Passaram três anos desde a última vez que as luzes e os sons do festival Coachella tinham invadido esta parte habitualmente tranquila do deserto californiano, na cidade de Indio. E este fim-de-semana, com 100 mil festivaleiros a torrarem ao sol no mega festival, o sentimento é de catarse pós-pandémica.

"Este foi um tempo de mudanças incríveis", disse Win Butler, vocalista dos Arcade Fire, a meio da atuação. "Mas não podemos deixar que nos mude ou nos quebre."

O concerto surpresa da banda, que foi anunciado apenas um dia antes do início do festival Coachella, tornou-se num dos momentos mais memoráveis deste regresso. A performance exímia da banda foi acompanhada de uma audiência entusiasmada, cantando em uníssono músicas como Rebellion (Lies), Afterlife, Everything Now, Rabbit hole e Wake Up.

Butler recordou como os Arcade Fire foram introduzidos ao mundo neste festival, em 2005, e lançou-se numa diatribe contra o poder da Ticketmaster. Mais de uma hora de concerto deu também para um momento de "crowd surfing", algumas palavras sobre a Ucrânia e uma explosão de cor com infláveis gigantes.

Uma hora mais cedo, a brasileira Anitta já tinha pisado o palco principal do Coachella para um concerto de grande fôlego que começou com Snoop Dogg, passou por Saweetie e mostrou porque é que é uma das artistas brasileiras mais cotadas.

A grande atração da primeira noite viria bem mais tarde, já depois das 23h30 locais, quando o britânico Harry Styles subiu ao palco principal debaixo dos gritos ensurdecedores de uma multidão de fãs, que fizeram lembrar a loucura vivida pelo cantor quando ainda integrava a boys band One Direction.

Envergando um longo casaco preto, o cantor estreou-se no Coachella tocando pela primeira vez ao vivo o seu novo single, As it Was, que de imediato pôs a multidão a saltar e a cantar. A energia estava alta quando Styles tirou o casaco e revelou um fato de lantejoulas aberto no peito, que motivou enorme aplauso de uma audiência que gosta de escolhas de moda arrojadas. O cantor apresentou-se aos fãs dizendo "Olá, eu sou o Harry" e disse que era um prazer estar ali, numa "noite muito especial." Prometeu muita dança e diversão e não desiludiu, chegando mesmo a surpreender a audiência quando levou para o palco a popular cantora country Shania Twain, com a qual cantou o êxito dos anos noventa Man, I feel like a woman.

A cerca de um mês do lançamento do novo álbum, Harry"s House, Styles tocou algumas das suas novas canções, incluindo Late Night Talking e Boyfriend, depois de perguntar quem na audiência já tinha tido um namorado e dedicar a canção a "namorados em todo o lado."

O set de hora e vinte terminou com fogo de artifício, dando a sensação de epílogo triunfal ao primeiro dia do resto da história do Coachella.

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