Polícia faz escavações perto da casa do suspeito de ter matado Maddie

Buscas acontecem num terreno próximo da casa de Christian Brueckner, suspeito do rapto e homicídio de Madeleine McCann.
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A polícia alemã está a fazer escavações num lote de jardim perto de uma zona onde viveu o suspeito do rapto e morte de Madeleine McCann, Christian Brueckner, perto de Hannover.

"Posso confirmar que a busca está a ser realizada no decorrer das nossas investigações sobre o caso Maddie McCann", disse à AFP a promotora de Brunswick, Julia Meyer, quando questionada sobre a ação da polícia que foi avançada pelo jornal local Hannoversche Allgemeine Zeitung.

A polícia revelou em junho que estava a investigar um alemão de 43 anos acerca do seu possível envolvimento no desaparecimento de Maddie, que tinha três anos em 2007, acreditando que o suspeito a terá matado.

Madeleine McCann desapareceu do apartamento onde a família estava hospedada num resort na Praia da Luz, Algarve, a 3 de maio de 2007, alguns dias antes de comemorar o quarto aniversário, enquanto os pais jantavam com amigos num bar de tapas nas proximidades.

Apesar da enorme investigação internacional que se seguiu, nenhum vestígio de Maddie foi encontrado até à atualidade, nem ninguém foi acusado do desaparecimento da criança.

A polícia britânica começou por formar uma equipa, em 2011, para rever toda a informação disponível, abrindo um inquérito formal no ano seguinte, tendo até agora gasto cerca de 12 milhões de libras (14 milhões de euros na investigação.

A Polícia Judiciária (PJ) reabriu a investigação em 2013, depois de o caso ter sido arquivado pela Procuradoria-Geral da República em 2008, ilibando os três arguidos, os pais de Madeleine, Kate e Gerry McCann, e um outro britânico, Robert Murat.

Suspeito com histórico de crimes sexuais

O suspeito, que não foi identificado pela polícia, mas identificado pela imprensa alemã como Christian Brueckner, tem um histórico de crimes sexuais, incluindo pedofilia e violação. Atualmente está a cumprir uma sentença por tráfico de drogas em Kiel.

Brueckner pediu a libertação antecipada depois de ter cumprido dois terços da sentença e ainda aguarda a decisão.

No âmbito de outro processo, um tribunal em Brunswick já tinha condenado Brueckner a sete anos de prisão, em dezembro passado, pelo ataque a um turista norte-americano de 72 anos em 2005, também na Praia da Luz, mas ainda não existe uma sentença, uma vez que se aguardam as alegações dos advogados de defesa devido a questões técnicas relacionadas com a extradição do alemão.

Segundo a polícia, o suspeito morou na região do Algarve entre 1995 e 2007 e ganhava a vida a fazer biscates na área onde Madeleine desapareceu. Também praticava furtos em quartos de hotel e apartamentos de férias.

Gonçalo Amaral tinha antecipado o novo suspeito

"Um bode expiatório." Foi desta forma que Gonçalo Amaral, antigo inspetor da Polícia Judiciária que investigou o caso Maddie definiu, em 2019, o novo principal suspeito do desaparecimento de Madeleine McCann.

Numa entrevista a um jornalista australiano, em abril do ano passado, numa altura em que se falava já na existência de um suspeito de nacionalidade alemã, Gonçalo Amaral disse no podcast Maddie, da Nine.com.au, que a polícia inglesa estava a "preparar o fim da investigação, [apresentando coo suspeito] um pedófilo alemão que está atualmente na prisão".

"Será provavelmente o bode expiatório", disse Amaral na conversa com o jornalista Mark Saunokonoko, em que fazia a antecipação do que agora se está verificar com o anúncio pelas autoridades alemãs, inglesas e portuguesas sobre o suspeito alemão.

Amaral sustentava que o homem já tinha sido investigado pela Policia Judiciaria na época do desaparecimento da criança inglesa, mas que tinha sido "descartado como suspeito"

"A autocaravana em que morava foi levada para a Alemanha para a reallização de testes, mas nada foi encontrado", disse em abril do ano passado o homem que liderou a investigação ao caso, tendo apontado o casal McCann como principal suspeito.

No programa australiano, Amaral disse que o suspeito alemão era um criminoso sexual condenado e estava a cumprir sentenças na Alemanha não relacionadas com o desaparecimento de Maddie.

Esta informação foi repetida em novembro passado ao canal espanhol Cuatro, tendo Gonçalo Amaral reafirmado que a imprensa inglesa estava errada ao apontar um alemão condenado a prisão perpétua como a nova linha de investigação.

"Aquilo que eu sei é que não é esse", afirmou, adiantando ter informações que apontavam ser um outro alemão o suspeito das polícias inglesa e alemã.

Procurador alemão diz ter provas de que Maddie "está morta"

"Depois de todas as informações que obtivemos, [consideramos que] a menina está morta. Não temos informações de que possa estar viva". A afirmação é do procurador alemão Hans Christian Wolters, à Sky News.

O procurador alemão afirmou que tem provas de que Madeleine McCann está morta, mas refere que a polícia precisa de mais informações sobre o suspeito, Christian B, que está a cumprir pena por outros crimes na Alemanha.

Hans Christian Wolters apelou aos turistas britânicos para ajudarem as autoridades a identificarem as antigas casas do suspeito, para que se possa procurar o corpo de Maddie.

O procurador disse, no entanto, não ter provas suficientes para que Christian B. seja julgado.

"Temos dados que não podemos comunicar e que remetem para a teoria de que Madeleine está morta, mesmo que tenha que admitir que não temos o corpo", disse Wolters à estação de televisão britânica. "Temos algumas evidências de que o suspeito" é o responsável pelo desaparecimento de Maddie, acrescentou.

Fala, por isso, na necessidade de ter "mais informações das pessoas" sobre Christian B. "Especialmente vindas dos lugares onde ele morou, para que possamos investigar esses locaise procurar Madeleine", explicou o procurador.

"Precisamos de ajuda das pessoas, de turistas britânicos que possam ter estado na Praia da Luz, entre 1995 e 2007. Só com esses telefonemas é que podemos resolver o caso de Madeleine McCann", considerou, referindo-se ao período em que o suspeito viveu no Algarve.

A investigação pretende passar a pente fino a vida do suspeito alemão quando estava a morar no sul do país. "Onde morou, onde trabalhou, quais os locais que foram especiais para ele, quem eram os seus amigos e quais eram as pessoas que ele conhecia", especificou o procurador.

Para onde se deslocou com os seus carros, quem esteve nas suas casas, continuou Wolters. "Esperamos encontrar vítimas que talvez possam ter estado nessas casas, vítimas de crimes sexuais", referiu.

Wolters acredita que há outras vítimas, nomeadamente britânicas, irlandesas e americanas, que foram alvo de abusos sexuais por parte de Christian B, e pede que entrem em contacto com as autoridades.

Buscas sem sucesso em Vila do Bispo

Há pouco mais de duas semanas, as autoridades fizeram buscas pelo corpo de Madeleine McCann em três poços em zonas rurais de Vila do Bispo, no Algarve, mas sem sucesso.

As buscas, efetuadas a cerca de 16 quilómetros da Praia da Luz, local onde a família McCann estava alojada, contaram com a participação dos bombeiros.

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