Carris Metropolitana chegou ao norte do Tejo, mas pode haver problemas
A Carris Metropolitana começou oficialmente este domingo a funcionar em sete concelhos da margem norte do Tejo, uma operação que inicialmente estava prevista para 1 de julho. A nova marca dos transportes públicos rodoviários da Área Metropolitana de Lisboa já havia iniciado a sua operação no distrito de Setúbal em junho, mas com bastantes perturbações e queixas, tanto de utentes, como de presidentes de câmara.
Tal como aconteceu na margem sul, os operadores das novas linhas de autocarros são privados, mas o sistema é gerido pela empresa pública Transportes Metropolitanos de Lisboa (TML), que na sexta-feira lembrava que a Carris Metropolitana nas duas margens do Tejo "funde, simplifica e uniformiza a operação rodoviária nos cerca de três mil quilómetros quadrados dos 18 concelhos da AML, contando, para já, com mais de 20 mil horários/circulações por dia útil (mais 20% do que os horários do serviço anterior), que representam 30% de aumento no número que quilómetros em operação, mais de 700 linhas (das quais 13% são linhas novas), aproximadamente 12 mil paragens de autocarro, executados por 1575 viaturas das quais cerca de 70% novas (idade média da frota inferior a um ano), correspondente a cerca de 250 milhões de euros de investimento em frota, e conduzida por um total aproximado de 3000 motoristas".
No que à margem norte diz respeito, a Viação Alvorada é a nova transportadora a operar a nível municipal em Oeiras, Sintra e Amadora (concelhos definidos como Área 1), com ligações intermunicipais com Lisboa e Cascais, que resulta da fusão da Scotturb e da Vimeca. Já a Rodoviária de Lisboa - juntamente com outras empresas do Grupo Barraqueiro, como a Santo António, a Mafrense ou a Isidoro Duarte - mantém o serviço em Loures, Odivelas, Mafra e Vila Franca de Xira (Área 2), assegurando viagens intermunicipais com Lisboa.
De referir que Lisboa e Cascais, a par do Barreiro na margem sul, mantiveram os seus serviços municipais de transportes rodoviários - Carris, MobiCascais e Transportes Coletivos do Barreiro - participando na Carris Metropolitana apenas como pontos de paragem de ligações intermunicipais.
Tal como aconteceu na margem sul, no distrito de Lisboa a rede de autocarros tem um novo sistema de numeração de carreiras, sendo que os utentes poderão utilizar o "conversor de linhas" disponibilizado no site da Carris Metropolitana, onde também irão encontrar os horários e as paragens das carreiras, muitos deles também com alterações. Está também prevista a existência de 26 Espaços Navegante para atendimento ao público.
O Sindicato dos Trabalhadores da Rodoviária de Lisboa receia que a Carris Metropolitana não arranque em pleno no distrito de Lisboa, mas outros sindicatos acreditam que não se vão repetir erros do passado. "Isto não vai correr bem", refere o presidente do Sindicato Independente dos Trabalhadores da Rodoviária de Lisboa (SITRL), João Casimiro, porque diz não haver "motoristas suficientes" na empresa para assegurar o reforço do transporte de autocarros.
Além dos cerca de 600 motoristas da Rodoviária de Lisboa, a empresa contratou recentemente mais de 300 profissionais, a maioria de nacionalidade brasileira, mas, segundo João Casimiro, não chegam para fazer face à nova oferta. O sindicalista conta ainda que alguns motoristas imigrantes estão a passar dificuldades e fome, pelo que a transportadora poderia ter acompanhado melhor a sua vinda para Portugal.
Outros sindicatos dizem que a preparação dos serviços da Carris Metropolitana correu bem e esperam que os erros cometidos no início das operações na margem sul não se repitam. "As orientações não foram dadas de forma atempada [na margem sul]", lembra Manuel Oliveira, do Sindicato Nacional dos Motoristas e Outros Trabalhadores, esperando que os problemas anteriores "tenham servido de aprendizagem".
Já o coordenador da Federação dos Sindicatos dos Transportes e Comunicações (Fectrans), José Manuel Oliveira, afirma que "há condições" para iniciar o novo serviço, segundo o que a Viação Alvorada lhes transmitiu. "Naturalmente vamos ter problemas de início" relativos à habituação ao nova serviço, mas garante que a formação dos trabalhadores decorreu de forma "serena".
A Carris Metropolitana começou a operar no dia 1 de junho nos concelhos de Alcochete, Moita, Montijo, Palmela e Setúbal, a chamada Área 4, que é explorada pela empresa Alsa Todi. No entanto, foi durante meses alvo de fortes críticas por parte de autarquias, utentes e sindicatos, devido aos problemas de funcionamento das linhas e à falta de motoristas. Uma situação que levou a empresa a contratar mais 75 motoristas.
Um mês depois, a 1 de julho, arrancou a operação nos concelhos de Almada, Seixal e Sesimbra - a Área 3 - e que está a cargo da Transportes Sul do Tejo.
*Com agências