Carlos Queiroz atira-se a Klinsmann: "Esperamos que te demitas antes de nos visitares"
Dias depois de ter confrontado uma jornalista da BBC após uma conferência de imprensa, Carlos Queiroz volta a estar envolvido em polémica. Desta vez, o alvo é o treinador alemão Jurgen Klinsmann, que também é comentador na BBC.
Tudo começou depois da vitória do Irão sobre o País de Gales (2-0), que colocou a equipa comandada por Carlos Queiroz na boca do mundo. No entanto, é justo dizer que Jurgen Klinsmann, ex-selecionador dos EUA, não ficou impressionado, acusando o Irão de ter pressionado a equipa de arbitragem durante todo o jogo. "Faz parte da cultura deles, da forma como jogam. Andam a trabalhar o árbitro. Basta ver o banco, a forma como saltavam em cima do assistente e do quarto árbitro, sempre a dar-lhes na cabeça", considerou Klinsmann no seu comentário na BBC. E foi mesmo mais longe, dizendo até que Carlos Queiroz encaixa bem "nesta seleção nacional e na sua cultura". Para o alemão, o desfecho do jogo frente ao País de Gales podia "ter sido diferente com outro árbitro".
Perante as críticas deixadas pelo alemão, a reação de Carlos Queiroz não tardou a chegar. Num comunicado publicado nas redes sociais, o técnico português é bastante duro nas palavras. Ressalvando que não se conhecem pessoalmente e que as palavras do alemão são "uma vergonha para o futebol", o selecionador do Irão convida Klinsmann a visitar o centro de treinos da equipa para "socializar com os jogadores e aprender sobre o país, as pessoas, os poetas, a arte, a álgebra, e toda a cultura milenar persa". Mas com uma condição: "Esperamos que te demitas [do Grupo de Estudo Técnico do Mundial 2022] antes de visitares o nosso centro de treinos."
Antes, Carlos Queiroz deixa ainda uma garantia: "Prometemos que nunca iremos fazer qualquer julgamento quanto à tua cultura, raízes ou passado e serás sempre bem recebido na nossa família".
Na sequência da polémica, a Federação de Futebol do Irão queixou-se à FIFA das declarações do ex-futebolista e treinador Jurgen Klinsmann, considerando que as mesmas são lesivas contra o país e pediu a sua demissão do grupo de estudos técnicos.
O organismo iraniano adianta que se dirige oficialmente à FIFA, por entender que, à parte de "várias considerações infelizes sobre a seleção iraniana e as suas pessoas", Klinsmann "fez juízos de valor" sobre a cultura do Irão.
"Disse que no jogo Irão-País de Gales, os jogadores trabalharam o árbitro. Que isso não foi uma casualidade e que faz parte da cultura, da sua forma de jogar", refere o Irão, justificando que Klinsmann quis dizer que os jogadores pressionaram o árbitro.
Perante as declarações do antigo jogador, que foi selecionador da Alemanha e dos Estados Unidos, o Irão pretende que Klinsmann se retrate sobre este assunto, que peça desculpa e que "se demita de membro do Grupo de Estudos Técnicos da FIFA".
"A seleção nacional do Irão convida o senhor Klinsmann a visitar a concentração da equipa em Doha, para conhecer a milenar cultura persa e os valores do futebol e do desporto", acrescenta a Federação iraniana, tal como já havia feito Carlos Queiroz.
Ainda na longa resposta, os responsáveis iranianos disseram que Klinsmann, como alemão, "não será julgado pelo episódio mais vergonhoso da história dos Mundiais, a Desgraça de Gijón de 1982, quando Alemanha Federal e Áustria combinaram um resultado".
"Como ex-jogador não será julgado pelas suas famosas piscinas. E, seguramente, como profissional de futebol, não será julgado por outras questões políticas ou históricas relacionadas com o seu país", acrescentaram os iranianos.