Carlos Moedas salva Rui Rio e silencia oposição interna ao presidente do PSD

Sem a vitória de Carlos Moedas em Lisboa, Rui Rio teria tido um resultado que os seus adversários internos - agora totalmente silenciosos - poderiam qualificar de "poucochinho". O PSD só tem mais 15 câmaras do que em 2017.
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Nem um suspiro. Os potenciais candidatos à sucessão de Rui Rio na liderança do PSD mantiveram-se ontem no mais rigoroso silêncio público. De Paulo Rangel, Luís Montenegro, Jorge Moreira da Silva ou Miguel Pinto Luz não se ouviu ontem uma palavra (pública) que fosse. O congresso do partido aproxima-se - será no início de 2022 - e, sendo certo que Rui Rio se recandidatará, agora que as urnas lhe reforçaram a legitimidade, fica-se sem saber se enfrentará concorrência. O seu mais sério adversário seria o eurodeputado Paulo Rangel, que nestas eleições andou num rodopio pelo país a apresentar candidaturas autárquicas de companheiros seus de partido - forma algo óbvia de assim ir conquistando apoios no aparelho partidário.

Ontem - como todos os outros putativos candidatos à liderança -, Rangel não disse um pio. Mas o que os resultados globais do PSD provam é que, se não fosse a vitória de Carlos Moedas em Lisboa - mais saborosa ainda porque totalmente inesperada face às sondagens publicadas na campanha e pré-campanha - a vitória do partido poderia ser considerada "poucochinha" pelos adversários internos do presidente do partido.

Há quatro anos, num dos seus piores desempenhos autárquicos de sempre - e com Pedro Passos Coelho ainda na liderança - o PSD tinha obtido 98 presidências de câmara. No domingo, esse número subiu apenas em 15 unidades, para 113 (41 das quais em coligação).

Dito de outra forma, os sociais-democratas partiram para as eleições de domingo com uma desvantagem de 62 câmaras face ao PS (98 contra 160 para os socialistas). No domingo, essa diferença diminuiu para 35 câmaras. O PSD continua muito longe de poder ambicionar a presidência da ANMP (Associação Nacional de Municípios Portugueses) ou da Anafre (Associação Nacional de Freguesias). Mas pelo menos em relação à ANMP pode reivindicar ter retirado a maioria absoluta aos aos socialistas. Estes, agora, para manter a liderança da associação dos presidentes de câmara, terão de se entender ou com o PCP ou com autarcas independentes. Tem agora apenas mais 15 câmaras do que as eleitas há quatro anos mas a verdade é que superou o objetivo que Rui Rio tinha estabelecido e que era ultrapassar os resultados de 2013 (106 presidências de câmara).

Além do mais, reforçou a influência urbana, o que se viu não só em Lisboa como também na conquista de Coimbra e do Funchal - ambas autarquias lideradas pelos socialistas. Os sociais-democratas detém agora o controlo de várias capitais: além de Lisboa, de Coimbra e do Funchal, também de Aveiro, Braga, Bragança, Faro, Portalegre (município "roubado" a uma lista independente), Santarém, Viseu e Ponta Delgada.

Na noite eleitoral, a cúpula social-democrata ficou ainda particularmente surpreendida com o resultado em Évora. Passaram de zero presidências para quatro e ultrapassaram a CDU.

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