Carlão desvenda músicas novas no Rock in Rio
Por muito estranho que possa parecer, tendo em conta a carreira nos Da Weasel e mais recentemente também a solo, nunca antes Carlão tinha atuado no Rock in Rio. O concerto de hoje à tarde no palco Music Valley, onde atua às 17.00, tem assim um sabor especial para o artista, até porque se trata de uma dupla estreia: no festival e de algumas músicas novas, que serão pela primeira vez apresentadas em palco.
O horário do concerto acabou por ser adiantado, devido ao jogo entre Portugal e o Uruguai, a contar para os oitavos de final do campeonato do mundo de futebol, mas para Carlão isso não vai influenciar em nada o sucesso ou não, do espetáculo. "O Rock in Rio é um festival que comunica muito bem os seus artistas e isso vale muito em termos de promoção. Nunca sabemos como vai correr um concerto, mas vale sempre a pena estar presente, independentemente do palco ou do horário em que tocamos", defende.
Sobre o novo disco, com edição prevista lá mais para o fim do verão, revela que "é uma continuação" do trabalho anterior, Quarenta, que há três anos marcou a sua estreia em nome próprio. "É-o na medida em que continuo à procura de novos caminhos para a minha música e nesse sentido há algumas zonas em comum", adianta, dando como exemplo a presença da dupla de produtores Branko e Pedro, da Enchufada, com quem já havia trabalhado anteriormente.
"É um disco muito variado. Tem dois temas apenas de guitarra e voz, um deles de e com o António Zambujo, mas também tem alguns mais próximos do hip-hop mais puro e duro, com a participação de gente como o Holly ou o Slow J, que considero um dos artistas mais talentosos da atual música portuguesa".
Curiosamente, Slow J é muitas vezes comparado a Carlão, devido a timbre da voz - e não só. Carlão diz compreender a comparação, embora não concorde com ela. "Acima de tudo gostamos muito do trabalho um do outro e tenho de reconhecer que há alguns pontos que se tocam, mas somos artistas bastante diferentes um do outro", sublinha. Outro convidado é Manel Cruz, o antigo vocalista dos Ornatos Violeta, que ontem também atuou no Rock in Rio, no mesmo palco onde Carlos se apresenta hoje. "O Manel trouxe o universo dele para o disco e eu consegui torná-lo em algo meu, que soa a novo e fresco", desvenda.
O primeiro single, Contigo, que o próprio apresenta como "a celebração de um amor com história e futuro, numa altura em que tudo na sociedade é cada vez mais descartável e efémero", já roda nas rádios e será com certeza um dos momentos altos do concerto na Bela Vista.
Convidado a classificar o novo trabalho numa só palavra, responde "bipolar, tal como a vida, que tanto pode ser brilhante como escura". Até o próprio título, Entretenimento? (assim mesmo, com ponto de interrogação), se enquadra nesta perspetiva, mais terra a terra, de Carlão. "Foi algo em que refleti muito, durante o processo de composição do álbum, no meu papel enquanto artista, naquilo que aqui ando a fazer há tantos anos", afirma. Será com esse tema, "que questiona isto tudo", que vai mais logo abrir o concerto. "Acho que faz sentido, especialmente num festival que é conhecido por assumir esse lado mais de entretenimento de uma forma muito clara", defende.
Inicialmente prevista para o início do verão, a edição de Entretenimento? acontecerá apenas em setembro, o que até faz sentido para Carlão, por se tratar de um disco "mais outonal".
Também nessa altura, tem marcado um concerto na sua cidade natal, Almada, no Teatro Joaquim Benite, onde fará "uma apresentação mais oficial do disco", na qual espera contar com a presença dos convidados que nele participaram.
Hoje, na Bela Vista, não poderão estar todos, mas é certo que haverá alguma surpresa: "Não posso ainda revelar quem é, mas não vou estar sozinho em palco".