A candidatura de Omar Suleiman às eleições presidenciais de 23 e 24 de maio está a indignar largos setores dos islamitas egípcios, que contestam as ligações do ex-vice-presidente ao regime de Hosni Mubarak. Suleiman, que chefiou durante anos os serviços secretos do país, apresentou a sua candidatura no domingo, meia hora antes de terminar o prazo legal..Numa entrevista publicada hoje por um jornal do Cairo, Suleiman acusa os Irmãos Muçulmanos, vencedores das legislativas, de o terem ameaçado. Na sua opinião, a popularidade do movimento islamita está em queda devido "à vontade de controlar tudo e aos seus discursos inaceitáveis". O general Suleiman também recusa a ligação ao regime de Mubarak: "Se fui chefe dos serviços de informação e vice-presidente por alguns dias, isso não significa que eu fazia parte de um regime contra o qual o povo se revoltou", explicou, na mesma entrevista..A lista de candidatos presidenciais ainda não foi divulgada e o processo está longe de concluído. Mais de 20 políticos apresentaram candidaturas, mas para que estas sejam aceites é preciso reunir o apoio de 30 deputados e pelo menos 30 mil assinaturas provenientes de 15 províncias. O registo de última hora indica que várias forças têm mais do que um candidato, para assegurar que pelo menos um deles passa à fase eleitoral..Se todos fossem aceites, haveria provavelmente quatro favoritos nestas eleições: além do general Suleiman, o candidato dos Irmãos Muçulmanos (Khairat El-Shater), o representante salafista (Hazem Abu-Ismail) e o antigo secretário-geral da Liga Árabe (Amr Moussa), capaz de numa eventual segunda volta atrair o voto secular e dos cristãos coptas..O futuro regime egípcio ainda não foi definido, pois a Constituição está a ser redigida pela assembleia dominada pelos Irmãos Muçulmanos e Salafistas, mas com algum controlo dos militares no poder. Apesar de tudo, é provável que o país venha a ter um regime de tipo presidencial.