Campanha anticorrupção chinesa leva funcionários públicos a procurar empregos no privado

Emprego de promotor imobiliário em instituições financeiras e empresas relacionadas com a Internet é dos mais procurados.
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Os funcionários públicos chineses estão a candidatar-se a empregos no setor privado, numa altura em que a campanha anticorrupção está a reduzir os benefícios laborais, segundo um portal de recursos humanos citado pelo South China Morning Post.

Mais de 10.000 trabalhadores do Estado chinês entregaram os seus currículos a potenciais empregadores através do portal de Pequim Zhaopin.com desde fevereiro, de acordo com um relatório da empresa.

Este valor é 30% superior ao registado no mesmo período do ano passado - a semana após o Ano Novo chinês é aquela em que, habitualmente, se efetuam mais contratações.

"Anteriormente, não prestávamos muita atenção a este grupo, já que muito poucos dirigentes deixavam os seus empregos. Mas é um fenómeno enorme este ano. Há tantos que querem mudar de emprego", disse a consultora do portal Huang Ruoshan, citado pelo jornal de Hong Kong.

Muitos destes funcionários procuram empregos como promotores imobiliários, em instituições financeiras e em empresas relacionadas com a Internet, acrescentou.

Até agora, a sociedade chinesa tem vivido "numa obsessão por empregos na função pública". Em 2010, lembra o South China Morning Post, 1,6 milhões de pessoas competiram para 16.000 vagas.

Os números têm vindo, no entanto, a baixar: no ano passado, 1,4 milhões de pessoas candidataram-se a 22.000 lugares, de acordo com o jornal Huashang Daily.

Para Huang, a campanha anticorrupção do Presidente Xi Jinping deixou muitos funcionários públicos de nível médio preocupados com as suas carreiras, em tempos apelidadas de "taças de arroz de ferro", numa alusão à sua estabilidade.

Devido à campanha, muitos benefícios foram cortados e muitos empregos tornaram-se incertos, disse a consultora. "Estes dirigentes esperam poder usar a experiência de trabalho e relações sociais que adquiriram durante o seu tempo no Governo", explicou.

Jovens com menos de cinco anos de trabalho na função pública também estão ativamente à procura de novos empregos, indicou Jennifer Feng Lijuan, do portal de recursos humanos 51job.com.

Esta tendência pode dever-se ao facto de os salários serem agora mais transparentes, o desempenho mais escrutinado e as progressões na carreira menos certas que no passado, apontou Feng.

O Governo levou também a cabo uma reforma no sistema de pensões que resultou em reformas mais pequenas.

"Os empregos na função pública já não são tão atrativos", disse Feng.

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