A companhia teatral Seiva Trupe classificou hoje a desocupação do Teatro do Campo Alegre como o final de uma "perseguição política" pelo presidente da Câmara do Porto e disse ter interposto uma providência cautelar contra o ato..À margem de uma cerimónia na Câmara do Porto, a vereadora do Conhecimento e Coesão Social, Guilhermina Rego, foi confrontada com estas declarações, tendo rejeitado a ideia de "perseguição política".."A câmara a única coisa que fez foi cumprir aquilo que é efetivamente a lei. Assistiu-se a um incumprimento de um contrato e portanto entendeu a câmara por uma questão até de justiça social cumprir a lei", garantiu..De acordo com a vereadora, este é um "processo que se vem arrastando há mais de 10 anos, com uma dívida acumulada por parte da Seiva Trupe e que num processo de renegociação a Fundação Ciência e Desenvolvimento abdicou de dois terços dessa dívida, tendo aceitado a proposta de um terço da dívida ser paga pela Seiva Trupe".."Houve sucessivos atrasos numa primeira fase, sendo que nestes últimos meses assistiu-se ao não pagamento. Foi notificada que tinha um prazo para cumprir aquilo que eram os pagamentos em atraso e que se não cumprisse aquele prazo teria que deixar as instalações. Competiu depois à Câmara do Porto, essa sim proprietária do Teatro Campo Alegre, o processo de despejo coercivo", explicou..Guilhermina Rego disse ainda que a Seiva Trupe, aquando da renegociação, se comprometeu com o pagamento de 36 prestações mensais, até ao dia 10 de cada mês, e que neste momento a dívida ultrapassa os 20 mil euros..O advogado da companhia de teatro, Eldad Manuel Neto, disse hoje que tudo será feito "para resolver este problema nas instâncias judiciais", tendo, por isso, interposto junto do Tribunal Administrativo e Fiscal do Porto uma providência cautelar já no dia 16 deste mês para suspender os efeitos de uma eventual desocupação coerciva, que veio a acontecer na madrugada de 16 para 17..Guilhermina Rego garantiu que a câmara foi notificada da providência cautelar, "no dia a seguir ao despejo, portanto dia 17" e que "a câmara não tinha indicação de que ia ser feita uma citação".."Neste momento todos os bens e todos os documentos [da Seiva Trupe] estão em depósito municipal pelo que, se não foram notificados serão entretanto, podendo e devendo levantar todos os bens que foram retirados", adiantou..Eldad Manuel Neto lembrou que no âmbito do Processo Especial de Revitalização "todas e quaisquer ações que estejam em curso ou a propor contra a entidade que requer a revitalização" devem parar imediatamente..Sobre esta questão, a vereadora justificou que os serviços jurídicos da câmara entendem que "uma coisa é o PER - que leva a que haja um processo de negociação com os credores que existem - e outra questão é um contrato paralelo que existe com a Fundação Ciência e Desenvolvimento e a Seiva Trupe"..Contactada na quinta-feira, fonte da Câmara do Porto confirmou a ação de despejo, que teve por base o incumprimento no pagamento de uma dívida, no âmbito do contrato de cedência das instalações do Teatro do Campo Alegre.