O presidente da Câmara de Lisboa afirmou hoje que a Fundação "O Século" recebeu "tudo a que tinha direito" relativamente à antiga Feira Popular, sendo este um "assunto encerrado", mas a instituição continua a admitir recorrer aos tribunais..A Câmara Municipal de Lisboa assinalou hoje o início da empreitada da nova Feira Popular, em Carnide..Questionado pelos jornalistas no final da cerimónia sobre a verba de 4,2 milhões de euros que a instituição reivindica, Fernando Medina (PS) afirmou que "a Fundação 'O Século' recebeu tudo a que tinha direito e que ficou acordado expressamente em deliberação de Câmara, encerrando um processo de muitos anos"..A Feira Popular de Lisboa foi criada em 1943 em Palhavã para financiar férias de crianças carenciadas da fundação e, mais tarde, passou a financiar toda a ação social da instituição..Quando a Feira Popular fechou, em 2003, já num recinto em Entrecampos, a autarquia acordou pagar à fundação uma indemnização anual de 2,6 milhões de euros, correspondente à média de lucros anuais do espaço, até ser construído um novo parque. Porém, o pagamento deixou de ser feito em 2011..Em 2012, a Câmara acordou com a fundação o pagamento de um milhão de euros (para compensação das verbas em atraso - 5,2 milhões de euros) e a cedência de um direito de superfície de um terreno para exploração de uma bomba de gasolina na Praça José Queirós..O acordo previa também a revogação do protocolo de 2003..Segundo Medina, na deliberação municipal "ambas as partes reconhecem pôr fim a todo o litígio, toda a negociação, todo o processo de indemnização"..O líder do executivo municipal de maioria socialista sublinhou que a fundação recebeu "uma quantia significativa, mas também um terreno para permitir um rendimento para as suas atividades"..Por isso, frisou, "do lado da Câmara Municipal de Lisboa o processo encontra-se encerrado"..Por seu turno, a Fundação "O Século", contactada pela Lusa, pondera avançar com uma ação judicial contra a Câmara Municipal, por forma a tentar recuperar 4,2 milhões de euros que considera que a autarquia deve à instituição.."Não queríamos levar a Câmara Municipal de Lisboa a tribunal, mas entendemos que não temos outra saída", confirmou à Lusa o presidente da fundação, Emanuel Martins..Já em julho, a fundação admitiu à Lusa avançar para tribunal em relação a este processo..Segundo o presidente da fundação, esta decisão vem no seguimento de não se ter "conseguido resolver o assunto pela via do diálogo" e, por isso, "terão de ser os tribunais a resolver".."Nós não queremos indemnizações da Câmara, queremos que nos pague o que foi acordado", apontou Emanuel Martins, considerando que a autarquia "é devedora"..Na opinião do presidente, o município poderia também encontrar "outras possibilidades para a fundação desenvolver a sua atividade".."O argumento da Câmara foi sempre o mesmo, que não tinha dinheiro para pagar", referiu Emanuel Martins..Apesar desta vontade, a fundação terá de "ponderar como pode partir para tribunal".."Não temos verbas para andar metidos em tribunal [...]. Temos de equilibrar as nossas contas", apontou..Quanto à nova Feira Popular Lisboa, localizada em Carnide, o responsável aplaudiu a iniciativa, mas apontou que "gostaria de ter ajudado a construir" a infraestrutura..[artigo:5477876]