Em conferência de imprensa, depois da reunião do executivo, Ricardo Rio deu conta da penhora das contas da autarquia pelo consórcio que construiu o estádio municipal, constituído por nove empresas e liderado pela Soares da Costa, para garantir o pagamento de cerca de quatro milhões de euros por obras a mais, resultante de uma sentença judicial transitada em julgado. O autarca anunciou que vai promover um referendo sobre a venda do estádio..O autarca admitiu que foi com "surpresa" que viu as contas da autarquia penhoradas, uma vez que decorria um processo de negociação para o pagamento faseado da dívida, e admitiu que a situação criou "alguns constrangimentos" à autarquia, minimizados pelo facto de a penhora não ter "apanhado o ciclo de pagamentos" da câmara.."A nossa convicção é que a situação ficará resolvida num futuro muito próximo", afirmou o autarca, explicando que foi aprovada uma "operação financeira" que vai permitir ao consórcio receber "todo o valor da dívida" e à autarquia pagar de forma faseada aquele valor, mas, salientou, as empresas terão de aceitar aquela solução.."Seria esquizofrénico que os membros do consórcio não aceitassem a operação montada e já aprovada", disse..Questionado por que é que a autarquia não agiu antes da penhora das contas, Rio explicou que "em circunstância alguma se trata de a câmara estar a tentar aligeirar as suas responsabilidades" no processo.."Achamos que nunca poderíamos chegar a um acordo sobre uma matéria em que consideramos ter razão, que os nossos serviços jurídicos nos dão essa razão, daí termos esperado pelo final do processo [que terminou com o transito em julgado da ação no início de fevereiro]", sustentou..Sobre se a penhora podia ter sido evitada, o autarca apontou que foi com "surpresa" que recebeu a notícia de que as contas da câmara estavam penhoradas.."Fiquei surpreendido porque estávamos em negociações com o consórcio para a montagem da operação financeira agora aprovada", disse..O estádio municipal de Braga, conhecido como "A Pedreira", foi construído para o Euro2004, no mandato de Mesquita Machado (PS), com um orçamento estimado para a obra de 65 milhões de euros, sendo que a fatura já vai em 165 milhões de euros, podendo ainda aumentar..A fatura, disse Ricardo Rio, "pode mesmo chegar aos 180 milhões de euros".."Além desta ação de quatro milhões de euros, há uma segunda a correr no valor de 10 milhões, em que a câmara já foi condenada ao pagamento em duas instâncias, e há ainda uma outra ação do arquiteto da obra, Souto Moura, que exige o pagamento de mais cerca de quatro milhões de euros", enumerou o autarca..Ricardo Rio voltou, por isso, a referir a alienação do estádio com forma de a autarquia não ter de fazer ainda face aos custos de manutenção do equipamento.."Queremos concretizar a venda do estádio para fazer face a todos os encargos e ainda reabilitar o Estádio 1.º de Maio", referiu.