OCafé Joyeux nasceu em França em 2017 com um modelo de restauração inclusiva em que todos os funcionários são jovens com dificuldades intelectuais e de desenvolvimento, tais como a trissomia 21 ou o autismo. O conceito chegou a Lisboa em novembro e o segundo café abrirá até junho em Cascais. Este mês de fevereiro, vão lançar-se num novo modelo de negócio na capital, o Joyeux Inside, no qual irão fornecer o serviço de cafetaria na nova sede de uma multinacional.."O novo edifício do Grupo Ageas Portugal, no Parque das Nações, vai receber 1300 colaboradores de todas as áreas do grupo e que vai albergar dois negócios sociais. No nosso vamos servir estes colaboradores com o serviço de cafetaria e refeições leves. E, na área da restauração, estará a Associação Crescer, com os sem-abrigo. É um projeto absolutamente inovador", explica ao DN Filipa Pinto Coelho, presidente executiva da Joyeux Portugal..Este modelo Joyeux Inside vai dar emprego a seis jovens com dificuldades intelectuais e de desenvolvimento e três supervisores, sendo que o processo de recrutamento começou a ser feito na última semana de janeiro. "Contamos a partir de 14, 15 de fevereiro já começarmos numa ótica de serviços mínimos, para podermos fazer uma integração faseada e estarmos a 100% em março", adianta esta responsável, referindo que devido à especificidade deste serviço irão funcionar por turnos entre as 07.00 e as 19.00..Pronto para arrancar está o segundo café da marca. Já têm o apoio, em termos de investimento, da Logoplaste, falta apenas a aprovação do licenciamento para começarem as obras. Neste espaço irão empregar entre 10 e 12 jovens adultos com dificuldades intelectuais e de desenvolvimento, cujo recrutamento já está a decorrer. "Vai ser localizado na baía de Cascais, num edifício icónico da vila que estava abandonado há muitos anos e que vai ser todo recuperado para este efeito. Aguardamos a todo o momento essa licença para iniciar as obras, que estimamos que durem cerca de três meses para podermos abrir até junho deste ano", avança Filipa Pinto Coelho. "É uma obra complexa porque são três pisos, em que o de baixo será dedicado à cozinha, o do meio será a sala, em que vamos ter uma boa esplanada cá fora perto do mar, e o primeiro será dedicado a ter uma sala para formação, casas de banho e vestiários para o staff"..Mas a expansão do Café Joyeux em Portugal não tenciona ficar por aqui. O objetivo é até 2026 terem abertos ao público entre cinco a seis espaços, já contando com os cafés de Lisboa e Cascais. "Gostávamos muito de ir para o Porto e para o sul, mas temos recebido vários contactos que procuramos acompanhar para perceber e estudar essas situações", diz a responsável da Joyeux no nosso país, sem querer revelar mais pormenores..O Café Joyeux de Lisboa, que abriu portas em novembro, "está a correr maravilhosamente bem", nas palavras de Filipa Pinto Coelho, acrescentando que a maioria dos clientes já conhece o conceito do café antes de entrar. "O mês de janeiro é difícil para toda a gente que está nesta área, mas os meses de novembro e dezembro foram excecionais. Estamos sempre com casa cheia, sentimos muita curiosidade dos clientes, sentimos muita colaboração também, uma boa energia de toda a gente que nos visita. Temos tido opiniões muito positivas"..Esta boa energia também se estende aos nove jovens adultos que trabalham no espaço lisboeta e um dos motivos é o facto de saberem que "não estão a trabalhar a achar que daqui a um, dois, três ou seis meses se vão embora para casa, eles estão a investir num projeto que lhes dá um salário, que lhes dá um futuro também. E perceberem que são motivo de orgulho para as suas famílias e para os seus amigos traz uma alegria e uma energia incrível que se vive em toda a equipa e os clientes sentem isso"..O ano de 2022 começou também com uma boa notícia, ao receberem 32 800 euros provenientes de uma campanha de angariação de fundos levada a cabo pela Fnac entre 15 de novembro e 31 de dezembro através de donativos nas lojas e online e da venda de artigos de merchandising Joyeux.."Este valor vai ser utilizado em parte para o investimento ainda necessário para a abertura do café de Lisboa, nomeadamente um equipamento que é específico para apoiar a autonomia destes jovens, e também na comparticipação da formação inicial que nós damos aos jovens adultos que contratamos com este perfil", enumera Filipa Pinto Coelho..ana.meireles@dn.pt