Bryan Adams diz que "comem morcegos" e "fazem vírus" na China. Racismo, acusam

Palavras do músico canadiano nas redes sociais foram classificadas como racismo por associações de chineses mas os defensores dos animais elogiaram.
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O cantor canadiano Bryan Adams enfrenta acusações de racismo anti-chinês após ter feito publicações no Instagram e no Twitter sobre a pandemia que obrigou ao cancelamento de seus concertos em Londres agendados para esta semana.

O cantor de "Cuts Like a Knife" disse nas redes sociais que os seus espetáculos no Royal Albert Hall foram cancelados graças a "comida de morcego, venda de animais no mercado, bastardos gananciosos que fazem vírus".

O músico, que tem fortes ligações a Portugal por onde já esteve em diversas ocasiões, continuou com o discurso e disse que "agora o mundo inteiro está à espera, sem mencionar os milhares que sofreram ou morreram com este vírus", exortando os chineses a "tornarem-se vegetarianos".

Após a polémica, o cantor já veio garantir que não pretendia ser racista. Apagou mesmo os tweets mas deixou o post no Instagram, sem permitir comentários.

Enquanto grupos de direitos dos animais elogiaram o seu pedido para se parar de comer carne, outros interpretaram os comentários como palavrões e anti-chineses.

"Isto é tão irresponsável e racista", disse à AFP Amy Go, do Conselho Nacional Canadiano de Justiça Social da China.

"Ele é um ídolo canadiano e está a atiçar as chamas do racismo anti-chinês e a contribuir para o aumento de insultos odiosos e ataques físicos contra chineses e asiáticos no Canadá e em todo o mundo", disse.

Outros classificaram os comentários de Adams de "lixo racista".

Os mercados chineses vendem alimentos e produtos frescos, incluindo animais de criação e vida selvagem. Um desses mercados é em Wuhan, tendo esta cidade da China sido identificada na semana passada pela Organização Mundial da Saúde como a possível fonte ou "cenário amplificador" do surto.

O recente aumento da retórica anti-chinesa e da violência ligada à pandemia conta com vários casos relatados online.

Go citou, por exemplo, a experiência recente de um homem de 92 anos expulso de uma loja de conveniência de Vancouver e atirado para a rua pelo lojista, simplesmente porque é descendente de chineses.

Uma mulher sino-canadiana também levou um murro na cara num ataque não provocado enquanto esperava na semana passada numa paragem de autocarro no centro da metrópole da costa do Pacífico.

Após a polémica, Bryan Adams apagou o tweet, mas a sua mensagem permaneceu no Instagram. Nela, também disse que sentia falta da sua banda ou "outra família" enquanto está isolado com sua mulher e filhos.

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