Bruxelas lança confusão sobre TGV. Linha afinal é só para mercadorias

Nova linha terá de cumprir determinados "padrões de desempenho" mas não tem de ser de alta velocidade. Construção do troço Évora-Elvas arranca para o ano.
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Ainda não é desta que Portugal vai ter uma ligação para passageiros de comboio de alta velocidade (TGV). Depois de notícias de que a Comissão Europeia iria anunciar uma linha de TGV para ligar Évora a Mérida (Espanha), o governo apressou-se a explicar que não é bem assim. É uma linha de alto desempenho... e só para o transporte de mercadorias.

"É uma linha evidentemente de alto desempenho, que tornará o país competitivo, nomeadamente na ligação dos nossos portos a Espanha e na ligação europeia. É uma linha muito importante e muito prioritária para o país e, absolutamente, consensual no nosso país", explicou Pedro Marques, ministro do Planeamento e Infraestruturas, à margem da conferência sobre a rede de transportes transeuropeia, a decorrer em Liubliana, na Eslovénia. A linha vai permitir, por exemplo, que transitem comboios com 750 metros, algo que não era possível até aqui.

Um documento divulgado na conferência sobre a rede de transportes transeuropeia destaca a importância do troço entre Évora e Mérida. "O porto de Sines estará ligado de forma mais eficiente ao eixo de mercadorias Sines-Elvas-Madrid-Paris e a secção transfronteiriça tratará um importante elo em falta na conexão de alta velocidade ferroviária entre Lisboa e Madrid."

Mas não se trata de alta velocidade. Em causa, explicou Pedro Marques, está uma "linha de alto desempenho para mercadorias", não estando previsto qualquer investimento em comboio de alta velocidade para passageiros.

A linha corre no mesmo troço do projeto de alta velocidade pensado ainda no tempo do governo de José Sócrates, mas que nunca avançou. Daí a confusão de Bruxelas. "O projeto inicialmente pensado teria três linhas, duas delas estariam dedicadas à alta velocidade de passageiros e uma à ferrovia de mercadorias", lembra o ministro, mas a "linha que está agora em implementação, desse projeto maior, é a ferrovia de mercadorias", reforçou.

"A Comissão Europeia não exige que esta secção da linha de mercadorias seja de alta velocidade. Todavia, o direito da UE exige que a infraestrutura ferroviária principal da Rede Transeuropeia de Transportes (RTE-T), à qual pertence a secção Évora-Mérida, cumpra determinados padrões de desempenho, incluindo a eletrificação total e a execução do Sistema Europeu de Gestão do Tráfego Ferroviário (ERTMS) e no que se refere ao comprimento dos comboios, à carga por eixo e à velocidade da linha", afirmou o porta-voz Enrico Brivio. "É, agora, tempo para executar e produzir resultados."

Em março, o governo deu os primeiros passos para a abertura deste corredor que vai ligar Sines à fronteira, com o lançamento do concurso para a construção de uma nova linha que liga Évora a Elvas. A construção dos 100 quilómetros de nova linha, que vai implicar um investimento de 400 milhões, deverá arrancar em 2019. Será ainda renovada para os parâmetros de alta densidade a linha que liga Sines a Évora, outros 300 quilómetros. Um projeto que globalmente terá um custo de 626 milhões - em parte suportado por fundos comunitários - e cuja conclusão está prevista para 2021.

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