Bruna e os colegas já têm clube de robótica graças a orçamento participativo

Grupo da Escola Nuno Gonçalves foi um dos vencedores do programa na Penha de França, com plano para incluir robôs nas aulas
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"É melhor do que o primeiro lugar e ganhar uma medalha." Bruna Margarida tem nas mãos um pequeno robô que a escola ganhou com a sua ajuda e que vai servir para iniciar o clube de robótica. No ano passado, o projeto de que fez parte foi o vencedor do 2.º ciclo do primeiro orçamento participativo nas escolas da Junta de Freguesia da Penha de França, em Lisboa. Ontem, o prémio chegou-lhes às mãos durante a cerimónia de abertura do ano letivo da escola básica Nuno Gonçalves, onde foram distribuídos também os prémios de mérito escolar.

Com os cinco robôs que receberam, a escola vai abrir um clube de robótica que pretende cativar os alunos para as disciplinas do currículo, através da programação e da robótica. "Começou por ser uma sensibilização para a programação e a robótica, mas os alunos ficaram tão entusiasmados nesse dia que quando soube da possibilidade de nos candidatarmos ao Orçamento Participativo das escolas, começámos a preparar esta candidatura", explica a professora Belmira Abrantes.

Acabaram por ser os escolhidos para receber o financiamento. "Pensámos que a nossa ideia era diferente e que por isso tinha mais hipóteses de ganhar", defende Margarida Xavier. Além disso, "a nossa apresentação foi diferente, pusemos o público a interagir com a nossa ideia", acrescenta Inês Simões.

Com os robôs ainda em caixas, a grande expectativa era para "ir explorar os novos acessórios", antecipava Sara Rocha. Perante o olhar curioso dos colegas, Bruna Margarida lá ia explicando: "É um robô que faz tudo."

Ora, embora a estas pequenas bolas azuis ainda faltem os tablets que as controlam - e que será a escola a financiar -, a professora de Matemática que coordenou o projeto explica que vai ser possível "usá-los em várias disciplinas". "Podem criar-se personagens que podem ser usadas na disciplina de Português, porque dão para gravar e repetem o texto. Depois também podem ser usados em Matemática, por exemplo, calculando percursos que eles depois fazem sozinhos."

Para Sara Rocha também seria bom que "os robôs estivessem mais presentes nas aulas para ver se nos entusiasmávamos com as aulas e com a Matemática". As alunas já estão este ano no 7.º ano, mas venceram o prémio ainda pelo 6.º ano.

Os outros vencedores são de outras escolas da freguesia. Projetos em que a junta financiou um parque infantil e uma rampa de skate, por exemplo (ver caixa em cima).

Um projeto que a junta de freguesia avalia como "um sucesso" e que vai repetir este ano. No ano passado, o orçamento foi de 4000 euros, repartidos em mil euros por cada ciclo de ensino.

Ensinar a democracia participativa

"Tivemos imensa adesão, muitas ideias e as assembleias foram sempre muito participadas", refere a presidente da Junta de Freguesia da Penha de França, Sofia Oliveira Dias. A autarca explica que esta "foi uma iniciativa pioneira" que pretende "entusiasmar os alunos para depois participarem no orçamento participativo da freguesia, da cidade e agora do país".

Além disso, "é uma forma de lhes mostrar e de os motivar para a democracia participativa". "Isto ajuda-os a perceber como funcionam estes mecanismos", acrescenta.

Sofia Oliveira Dias explicou ainda que um dos objetivos era executar sempre os projetos até ao arranque do ano letivo. O que foi alcançado neste primeiro ano, mas que "implicou um esforço porque esteve toda a gente da junta a trabalhar em agosto para que isto acontecesse".

Foram apresentadas mais de 160 propostas, das quais 51 foram pré-selecionadas, e passaram à seleção final 37, em que foram votadas pela Assembleia Interescolas. "Algumas delas ficaram pelo caminho porque não eram exequíveis ou não eram da competência da junta", aponta a autarca.

Estiveram envolvidas mais de 600 crianças de 26 turmas do 4.º ao 10.º ano. As primeira votações foram feitas logo depois das férias da Páscoa. Para este ano já está a ser programado o novo Programa do Orçamento Participativo para as escolas.

Fregueses também escolhem

Além das escolas, a própria junta também lançou o desafio aos seus fregueses para votarem projetos que quisessem ver implementados na sua freguesia. Depois de 1466 votos foram eleitos cinco projetos que prometem melhorar a vida na Penha de França.

São eles uma sala para alunos com multideficiência na escola Patrício Prazeres, a melhoria da higiene urbana no eixo Morais Soares-Paiva Couceiro, bem como uma campanha de sensibilização para a higiene urbana, a construção de um parque canino e a recuperação do chafariz do Alto do Pina. A distribuição gratuita dos manuais escolares para o 3.º e 4.º anos chegou a fazer parte do programa, mas o Orçamento do Estado para 2017 vai incluir já essa cedência para todo o país, por isso, esse projeto foi substituído. Cada projeto não pode ultrapassar os 10 mil euros. Ao todo, chegaram à junta 101 propostas.

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